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REUTERS, Paris, 24.3.2008
Um subchefe da polícia foi demitido pelo governo Sarkosy por ter escrito num site da internet “uma tribuna anti-israelita”.
« Não sou violentamente anti-israelita, isso não quer dizer nada”, declarou Bruno Guigue ao Parisien. “Apenas penso que a paz no Médio-Oriente passa pela aplicação do direito internacional. Isso é um delito?”
Bruno Guigue, subchefe de polícia de Saintes (Charente-Maritime) foi demitido na passada quarta-feira pela ministra Michèle Alliot-Marie, mas a informação só foi tornada pública no sábado. A sanção, bastante rara, foi decidida logo após a ministra do Interior ter tido conhecimento do artigo. Nesse texto, Bruno Guigue critica os Estados Unidos e Israel, « único Estado no mundo cujos snipers abatem as garotas à saída das escolas”. Guigue, que estava em funções apenas desde Setembro, escreveu vários livros sobre o conflito israelo-árabe e publica regularmente análises.
Pelo terceiro dia consecutivo, várias localidades no Sul de Israel voltaram hoje a ser atingidas por “rockets” lançados a partir da Faixa de Gaza. Segundo a BBC online, vários “rockets” Grad – de fabrico iraniano e com um alcance de 14 quilómetros – atingiram hoje Ashkelon, cidade de 120 mil habitantes, ferindo uma jovem e levando os serviços de emergência a activar as sirenes de alerta para ataque.
Na quarta-feira, um estudante israelita morreu quando a sua escola, nos arredores de Sderot, foi atingida por um destes projécteis. Na resposta, Israel ordenou sucessivos raides aéreos contra o vizinho território palestiniano que, no espaço de 48 horas, mataram mais de 30 pessoas, na sua maioria militantes do Hamas mas também vários civis, incluindo cinco crianças.
Apesar do poder de fogo aéreo, Israel não consegue impedir que o seu território continue a ser atacado e foram já vários os responsáveis governamentais que admitiram optar por um regresso das tropas hebraicas ao território de onde se retiraram em 2005, apesar dos riscos de tal operação.
Segundo o jornal israelita “Yedioth Ahronoth”, Barak terá enviado mensagens confidenciais a vários dirigentes estrangeiros, preparando terreno para uma eventual operação terrestre. “Israel não anseia ou se precipita para tal ofensiva, mas o Hamas não nos deixa outra hipótese”, terá ele confidenciado à secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, que na próxima semana deverá regressar à região.
No entanto, fontes da segurança israelita adiantaram às rádios pública e militar que, apesar de estar planeada, tal operação não está iminente. A Reuters adianta que o próprio primeiro-ministro, Ehud Olmert, líder do partido centrista Kadima, se mostra reticente em lançar tal operação, tanto por causa dos elevados riscos (menos de dois anos depois da fracassada guerra no Líbano) como pela pressão que tem sofrido por parte dos EUA para não pôr em causa as esperanças de um acordo de paz com a Autoridade Palestiniana.
Responsável político cria polémico
A declaração mais explosiva do dia partiu, contudo, do vice-ministro da Defesa, Matan Vilnai, que, em entrevista à rádio militar israelita, avisou que os ataques do Hamas poderiam arrastar a Faixa de Gaza para a “shoah”, um termo que os israelitas habitualmente reservam para se referir ao Holocausto nazi.
“Quantos mais o disparo de [rockets] Qassam se intensificar e quanto maior o alcance dos 'rockets', maior será a ‘shoah’ que eles arriscam lançar sobre si, porque iremos usar o nosso direito de autodefesa”, afirmou Vilnai.
De imediato, Ismail Haniyeh, dirigente do Hamas e chefe da estrutura que controla a Faixa de Gaza, veio a público dizer que “esta é a prova das intenções agressivas pré-planeadas por Israel” contra os palestinianos.
“Eles querem que o mundo condene o que eles chamam Holocausto e agora ameaçam o nosso povo com o holocausto”, denunciou Haniyeh, durante uma manifestação em Gaza contra os bombardeamentos israelitas, enquanto o porta-voz do Hamas classificava o inimigo como os “novos nazis”.
Pouco depois, um porta-voz do ministério da Defesa israelita veio a público criticar a tradução “falaciosa” da palavra feita pela imprensa internacional. “O ministro usou o termo hebraico ‘shoah’ que significa catástrofe, um termo que neste contexto não se refere à ‘Shoah’, o Holocausto” nazi, afirmou o porta-voz.
Também o porta-voz da diplomacia israelita sublinhou que, neste contexto, o termo deve ser entendido “como desastre ou catástrofe”.
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