O ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter (esq.) considera o primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert (dir.), o dirigente dum regime de apartheid
(…) O que é que ele [Jimmy Carter] quer de nós, esse velhaco? O que temos nós a ver com o apartheid? Uma barreira de separação é alguma vez separação? As estradas separadas para colonos judeus e para palestinianos alguma vez separam? Os enclaves palestinianos entre colonatos judeus são alguma vez bantustões?
Não há ponta de semelhança entre a África do Sul e Israel e só uma mente doentia poderia estabelecer essas sombrias ligações entre ambos. Barreiras nas estradas e inspecções a cada esquina; autorizações exigidas para o assunto mais insignificante; confisco arbitrário da terra; privilégios especiais para o uso da água; trabalho barato e pesado; criar e unir famílias por laços burocráticos – nada disto é apartheid, de qualquer modo. Tudo é uma necessidade securitário indiscutível.
Também os brancos Afrikaners tinham razões para a sua política de segregação, também eles se sentiam ameaçados – tinham o mal à porta e estavam assustados, a querer defender-se. Infelizmente, contudo, todas as boas razões para o apartheid são más razões; o apartheid tem sempre uma razão e nunca tem uma justificação. E aquilo que se comporta como apartheid, que funciona como apartheid, que reprime como apartheid, não é um pato – é apartheid. E tão-pouco resolve o problema do medo: hoje toda a gente sabe que qualquer regime de apartheid chegará ao seu fim ignominioso.
Uma diferença essencial permanece entre a África do Sul e Israel: lá, uma pequena minoria dominava uma larga maioria; aqui há quase um equilíbrio. Mas a ruptura do equilíbrio já começa a desenhar-se no horizonte. Nesse momento, o projecto sionista chegará ao fim, se não decidirmos deixar a casa dos escravos antes de sermos atingidos por uma praga demográfica fatal.
É inteiramente claro porquê a palavra apartheid nos aterroriza. O que devia aterrorizar-nos, contudo, não é a descrição da realidade, e sim a própria realidade. Mesmo Ehud Olmert compreendeu finalmente que manter a actual situação significa o fim do Estado judeu democrático, como ele disse recentemente (…)