Vergonhoso ! Israel foi escolhido para organizar em 2013 o Campeonato de Europa dos sub-21 da UEFA. O Comité Executivo da UEFA encerrou ontem o primeiro dia da sua reunião inaugural de 2011 sob a direcção do presidente da UEFA, Michel Platini, esse mesmo que teria ameaçado expulsar Israel dos campeonatos europeus devido à situação dos jogadores palestinianos.
Será Platini um cata-vento? Terá ele cadáveres no seu armário que o lobby israelita terá ameaçado revelar? De qualquer dos modos, este homem que gozava de um respeito e de uma estima consideráveis passará a ser conhecido como aquilo em que ele se tornou: uma marionete nas mãos do ocupante israelita.
Escolher enviar os jovens desportistas europeus jogar em Israel, quando se sabe o que sofrem os jovens palestinianos, é verdadeiramente abjecto.
Michel Platini escolheu esquecer de uma vez as 400 crianças massacradas por Israel em Gaza há dois anos e os milhares de outras mutiladas, que nunca mais poderão fazer desporto.
Michel Platini escolheu caucionar o bloqueio de Gaza que estrangula centenas de milhares de jovens palestinianos, deixando-os sem trabalho, sem futuro, sem possibilidade de estudar ou fazer desporto no estrangeiro.
- Michel Platini escolheu ignorar o facto de a equipa palestiniana de futebol nem sequer poder treinar, uma vez que os seus jogadores estão proibidos de se encontrar.
- Michel Platini escolheu encorajar os colonos israelitas e o seu exército que matam diariamente crianças, “juniores” precisamente.
- Michel Platini vai levar jovens a jogar no país do apartheid que edificou altos muros, miradouros e arames farpados em terras palestinianas.
- Michel Platini cospe sobre as centenas de crianças palestinianas actualmente detidas e torturadas por Israel.
- Michel Platini está-se nas tintas para todos os jovens palestinianos cujas casas são demolidas em Jerusalém Leste e que são actualmente expulsos com as suas famílias.
- Michel Platini tapa os ouvidos perante aos jovens israelitas que contam os abusos cometidos diariamente no seio do exército de ocupação israelita.
Michel Platini passará para a posterioridade como um homem que durante muito tempo fez crer que tinha princípios e que podia ser um exemplo para a juventude, mas que afinal não é mais que um fantoche.
O Euro 2013 não será o da « esperança » mas o do racismo.
Indigne-se ! Escreva à UEFA, a Platini e à Federação francesa de futebol :
Avigdor Lieberman em Lisboa Sócrates e Amado recebem um símbolo do apartheid e do terrorismo de Estado
O Comité de Solidariedade com a Palestina manifesta o mais vivo repúdio pela visita a Lisboa de Avigdor Lieberman, ministro israelita dos Negócios Estrangeiros e figura de proa do partido da extrema-direita Israel Beitenu.
Raia a provocação que o Governo de Portugal e, nomeadamente, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal recebam esta visita depois de o Estado português ter condenado os crimes de guerra israelitas contra a Faixa de Gaza por ocasião da votação do relatório Goldstone e sabendo-se que Israel prossegue a sua política colonialista de apartheid e de ocupação da Palestina, que persiste nas suas acções de limpeza étnica contra os árabes israelitas que vivem no seu território e contra os palestinianos nos territórios ocupados, que desrespeita, com a arrogância que se lhe conhece, os mais elementares Direitos Humanos e o Direito Internacional, que se recusa insolentemente a observar as inúmeras Resoluções quer do Conselho de Segurança quer da Assembleia Geral das Nações Unidas, que persegue e pune os seus próprios cidadãos israelitas que não se conformam com a política de terror contra o Povo Palestiniano indefeso, que se afirma, com toda a hipocrisia, como a única «democracia» do Médio Oriente.
Duplamente escandalosa é a recepção dispensada a Lieberman, precisamente quando o parceiro israelita do PS, o Partido Trabalhista, rompe com o Governo e com o seu ex-líder Ehud Barak porque, mesmo para o sionismo militante dos trabalhistas, já se tinha tornado indigesto o estilo do Governo de extrema-direita – intratável, ultimatista e inconveniente nos areópagos internacionais.
É certo que Lieberman passa em Portugal no regresso duma visita à Grã-Bretanha e que não foi aí recebido como um pária da diplomacia internacional (bem ao contrário da sua antecessora no cargo, a ex-ministra Tzipi Livni, que tivera de cancelar uma visita a Londres por pender contra ela um mandato de captura, devido aos crimes de guerra de que era co-responsável na agressão contra a Faixa de Gaza). Mas é só uma questão de tempo até que os crimes de Lieberman, o falcão, comecem a ser tão investigados e conhecidos como os de Livni, a “pomba”. Alguns deram já azo a ondas de indignação em todo o mundo, como o assassínio no Dubai do dirigente do Hamas, Mahmoud al-Mabhouh, com passaportes falsificados de vários outros países; ou como a mortífera acção de pirataria israelita contra a “Flotilha da Liberdade”, em águas internacionais.
Concluímos portanto sublinhando que está a ser recebido em Lisboa um criminoso da guerra suja da Mossad e um falsário internacional de grande calibre, no mesmo dia em que o Peru anuncia reconhecer o Estado palestiniano nas fronteiras de 1967, e num lapso de poucas semanas em que os principais países latino-americanos, incluindo o Brasil, se sucedem a dar esse passo simbólico. A diplomacia portuguesa anda em más companhias e em contra-mão das tendências da diplomacia mundial.
O dia a dia dos soldados israelitas nos territórios da Cisjordânia, contado pelos ex-soldados que decidiram quebrar o silêncio.
Fonte: CAPJPO-Europalestine, 5.11.2011, citando Paris Match
Granadas para meter medo
“Chegamos a uma aldeia palestiniana às 3 horas da manhã e começamos a lançar granadas estrondosas nas ruas. Por nada, para meter medo. Vemos as pessoas a acordar esbaforidas... Dizem-nos que isso afugenta os eventuais terroristas. Tretas... Fazíamos isso todas as noites, rotativamente. Rotina. Diziam-nos 'boa operação'. Não percebíamos porquê.”
Roubar um hospital
“Uma noite, recebemos ordem para entrar numa clínica de Hebron que pertence ao Hamas. Confiscámos o equipamento: computadores, telefones, impressoras, outras coisas, num valor de milhares de shekels. O motivo? Atingir o Hamas na carteira, pouco antes das eleições do parlamento palestiniano, para que ele perdesse. O governo israelita tinha anunciado oficialmente que não iria tentar influenciar essas eleições.”
“Matámos um homem por pura ignorância”
Não sabíamos que durante o Ramadão os fiéis vão para a rua às 4 horas da manhã com tambores para acordar as pessoas, para que elas comam antes do nascer do sol. Identificamos um gajo numa avenida que leva uma coisa, gritamos-lhe 'stop!'. Se o 'suspeito' não pára imediatamente, o procedimento exige intimações. 'Pare ou atiro', depois atiramos para o ar, depois para as pernas, etc. Na verdade, esta regra nunca é aplicada. Matamo-lo, ponto final. E por pura ignorância dos ritos locais.”
Camponeses em lágrimas
“As nossas escavadoras montam uma barreira de separação em pleno campo palestiniano de figueiras. O camponês chega, a chorar: 'plantei este pomar durante dez anos, esperei dez anos para que desse frutos, gozei dele durante um ano e agora eles arrancam-no!' Não há solução de replantação. Só há compensações a partir de 41% de terra confiscada. Se for 40%, não tens nada. O pior é que talvez amanhã eles vão decidir a construção da barreira.”
Devolver os galões, voltar a ser soldado
“Instalamos check-points surpresa. Em qualquer lado, nunca é claro. E de repente detemos toda a gente, controlamos as suas licenças. Detemos inocentes, pessoas que querem ir trabalhar, procurar alimentos, não terroristas... Tive de fazer isto durante cinco meses, oito horas por dia; deu cabo de mim. Então, decidi devolver os meus galões de comandante.”
“A nossa missão: incomodar, assediar”
“Estamos em Hebron. Como os terroristas são residentes locais e a nossa missão é entravar a actividade terrorista, a via operacional é esquadrinhar a cidade, entrar em casas abandonadas ou em casas habitadas escolhidas ao acaso – não há um serviço de informações que nos oriente -, inspeccioná-las, saqueá-las ... e não encontrar nada. Nem armas, nem terroristas. Os habitantes acabaram por se habituar, pois isto acontece há anos. Fazer sofrer a população civil, dar-lhe cabo da vida, e saber que isso não serve para nada. Isto provoca um sentimento de inutilidade»
Os castigos colectivos
“Os meus actos mais imorais? Fazer explodir casas de suspeitos terroristas, prender centenas de pessoas em massa, olhos vendados, pés e mãos atados, levá-los em camiões; entrar em casas, despejar brutalmente as famílias; às vezes voltávamos para fazer explodir a casa; nunca sabíamos porquê tal casa nem que suspeitos prender. Às vezes era-nos dada ordem de destruir com bulldozer ou com explosivos a entrada da aldeia, como castigo colectivo por terem sido albergados terroristas.”
Proteger colonos agressivos
“Chegamos ao distrito de Naplus para garantir a segurança dos colonos. Descobrimos que eles decidiram atacar Huwara, a aldeia vizinha, palestiniana. Eles estão armados, atiram pedras, apoiados nessa acção por um grupo de judeus ortodoxos franceses que filmam, tiram fotos. Resultado: vemo-nos entre árabes surpreendidos, aterrorizados, e a nossa obrigação de proteger os colonos. Um oficial tenta fazer recuar os colonos para as suas terras; recebe pancada, há tiros e ele desiste. Não sabemos o que fazer: retê-los, proteger os palestinianos, proteger-nos. Uma cena absurda e louca. Acabamos por conseguir com que os agressores voltem para as suas casas. Uma dezena de árabes ficam feridos.”
Assassinar um homem sem armas
“Estamos instalados numa casa que despejámos dos seus ocupantes, suspeitamos da presença de terroristas, vigiamos, são 2 horas da manhã. Um dos nossos atiradores de elite identifica um tipo a andar em cima de um telhado. Eu observo-o com os binóculos, ele tem cerca de 25, 26 anos, não está armado. Informamos por rádio o comandante que nos ordena: 'É um espião. Abatam-no'. O atirador obedece. Eu chamo a isso um assassinato. Nós tínhamos os meios de o prender. E isto não é um caso único, são dezenas deles.”
O ano que terminará esta noite por um beijo foi o ano em que acabou a mascarada israelita, o ano em que os disfarces foram arrancados e a verdade se mostrou. Em que o verdadeiro rosto se revelou. Foi o ano em que finalmente saímos do armário – acabaram-se as palavras melosas e os discursos vazios sobre a justiça e a igualdade; acabaram-se os embelezamentos e as palavras superficiais a propósito da paz e de dois Estados. Este ano, a verdade foi ouvida em público, com um eco forte e claro de uma ponta a outra do país, inquietante e deprimente.
Já ninguém fala de paz; este ano, até já pusemos entre aspas o “processo de paz”, para podermos troçar dele como ele merece. O que fica da paz este ano, é o enviado especial dos EUA, George Mitchell. E nas sondagens de opinião nada resta da visão de dois Estados do primeiro-ministro ou da maioria. Este ano, o governo israelita disse NÃO, até a um congelamento temporário da construção de colonatos, e os israelitas calaram-se.
Depois deste ano de verdade, ninguém poderá pretender seriamente que Israel procura a paz com os palestinianos ou com os sírios, que falaram de paz mas que foram deixados sem resposta. Todas as desculpas perderam o seu valor – o terrorismo palestiniano parou e fica pelo menos um meio parceiro, que é mais moderado que qualquer outro. No entanto, permanecemos nas nossas posições. E a verdade é estrondosa: os israelitas não querem mesmo a paz, preferem-lhe a terra. Os funcionamentos internos da sociedade israelita também foram desmascarados. A aparência de uma sociedade democrática e igualitária foi de repente substituída por um retrato autêntico, terrivelmente nacionalista e racista. Rabinos e suas mulheres, presidentes de câmaras e deputados cantaram todos juntos num coro discordante: não aos árabes e não aos estrangeiros. Durante os anos que precederam este ano de verdade, ainda era hábito excomungar os racistas.
Neste ano de verdade, declarámos sem vergonha que Meir Kahane tinha razão. Praticamente a metade dos israelitas se opõe ao aluguer de apartamentos a árabes; mais de metade deles é favorável ao juramento de obediência ao Estado; esposas de rabinos associam-se aos seus maridos para implorar as castas filhas de Israel a não frequentarem os árabes; um membro do Knesset declara que aos que deixarem entrar clandestinamente “infiltrados” - como se chamou este ano os trabalhadores migrantes e os refugiados de guerra – dever-se-ia dar um tiro nos miolos; e um dos seus colegas atribui aos russos a acusação dos hábitos israelitas de bebedeira.
Ao mesmo tempo, propusemos uma lei apelando à expulsão de estrangeiros críticos perante Israel, no caso de eles virem de visita; um director de escola de Jaffa não autoriza os seus alunos a falar árabe; um militante contra a ocupação foi preso por ter participado numa manifestação de protesto em bicicleta; e um defensor dos direitos dos beduínos foi parar à prisão por um tempo ainda mais longo pelo delito de ter uma garagem ilegal.
Esta é dia após dia a abundância de relatos sobre a vida do país durante a última parte deste ano maldito. Tais relatos foram-nos quase quotidianamente atirados à cara. O estrangeiro expande as doenças e a criminalidade e os estudantes árabes querem deserdar-nos pelo preço do aluguer de duas assoalhadas. Também lançámos campanhas de intimidação e semeámos o medo daquele que é outro e diferente, que não teriam envergonhado os regimes mais vergonhosos do passado. Fizemos manifestações escandalosas contra os refugiados e os árabes, com os encorajamentos de uma parte da instituição e o silêncio dos outros, dos quais uma tonalidade pode ser ouvida – uma tonalidade de arrogância e de nacionalismo.
Também foi o ano de Avigdor Liebermann do Yisrael Beiteinu, que já não é um lobo vestido de cordeiro mas um bruto dos arredores que não liga às consequências. Uma tentativa de resolver a crise com a Turquia e bum! uma pancada na cabeça. Em vez dos eternos discursos do presidente Shimon Peres sobre a paz, o ministro dos Negócios Estrangeiros, este ano, esbofeteou repetidamente em nosso nome o mundo inteiro. Não é apenas Kahane que tinha razão, mas Liberman também. Ele diz a verdade, a verdade sobre Israel.
Não há nada como o sol para desinfectar, por isso acabou por ser um bom ano. É possível que este dilúvio de duvidosos sentimentos nacionalistas emergindo das profundezas da alma, latente desde há anos, faça mexer esta nação entorpecida. Talvez, depois deste ano, a minoria que pensa de outra maneira abra enfim os olhos. Talvez, enquanto as chamas nos rodeiam a todos, compreendamos que esta não é a sociedade onde temos vontade de viver. E talvez o mundo compreenda o que está em jogo.
Hoje, à meia-noite, quando o champanhe francês correr como água e quando beijarmos os nossos entes queridos, talvez compreenderemos que o próximo ano será decisivo. Será o último ano em que poderemos ainda salvar alguma coisa. Se acontecer um milagre e se isso acontecer de facto, estaremos gratos ao ano que termina, o ano da verdade para Israel.