Um apelo à ajuda foi lançado esta quarta-feira pelos animadores do Teatro da Liberdade em Jenin, atacados pelo exército israelita que veio prendê-los e destruir este símbolo da resistência palestiniana. Depois de se ter livrado do seu director Juliano Meir Khami, cobardemente assassinado uns meses atrás, o governo israelita quer acabar com estes militantes que apoiam os jovens de Jenin com as suas actividades teatrais. Quando Israel ouve a palavra cultura, puxa do seu revólver.
Apelo à ajuda do Teatro da Liberdade:
27 de Julho de 2011
“As forças especiais do exército israelita atacaram o Teatro da Liberdade, situado no campo de refugiados de Jenin, esta quarta-feira às 3h30.
Ahmed Nasser Matahen, estudante técnico que vigia o teatro durante a noite, foi acordado por enormes blocos de pedra lançados contra a porta do teatro. Ao abrir essa porta, deparou-se com uma soldadesca armada e mascarada que cercava o teatro.
“Disseram-me para levantar os braços e obrigaram-me a baixar as calças. Pensei que a minha hora tinha chegado e que eles iam matar-me. O meu irmão estava ao meu lado, algemado”.
Ao mesmo tempo, o director encarregado da locação do local, Adnan Naghnaghiye, era detido e levado para um destino desconhecido, assim como Bilal Saadi, um dos membros do conselho de administração do Teatro.
“Quando o director geral do Teatro, o britânico Jacob Gough, e o seu co-fundador, o sueco Jonatan Stanczak, chegaram ao local, foram obrigados a permanecer quietos ao lado de uma família palestiniana com 4 filhos, cercados por uns cinquenta soldados israelitas armados dos pés à cabeça.
Jonatan indica: “Quando tentámos dizer-lhes que estavam a atacar um lugar cultural e a deter os animadores do Teatro, eles ameaçaram-nos de nos espancar. Tentei contactar com a administração civil do exército, mas desligaram-me o telefone na cara”.
Eis o que sofrem os palestinianos de Jerusalém-oriental... e nenhum dos nossos dirigentes, nenhuma instituição internacional reage. É abjecto.
“Ontem à meia-noite, em Beit Safaf (Jerusalém oriental), uma casa palestiniana situada a 200 metros do checkpoint de Gilo, assim como os seus moradores, foram vítimas de violência, de destruição por parte de uma centena de colonos da cidade velha de Jerusalém e do colonato de Gilo.
Enquanto a família palestiniana Khaled Mohamed Alaa Eddin, composta pela mãe de 47 anos, o pai de 61 anos, 4 filhos de 22, 27, 28 e 35 anos e uma filha de 21 anos, dormiam, surgiram colonos que começaram a partir as janelas, arrombaram a porta de entrada. Enquanto alguns ficavam de fora para cercar a casa, outros introduziram-se na casa e destruíram todos os móveis e tudo o que encontraram pelo caminho.
Depois de terem destruído tudo, começaram a espancar com violência todos os membros da família. Um vizinho palestiniano acordado pelos gritos chamou a polícia.
Por mais incrível que isto pareça, os polícias prenderam Akram, o filho de 35 anos e Alaa o filho de 28 anos, embora os dois estivessem cheios de nódoas negras e de sangue! Mas os colonos afirmaram que eles os tinham batido... […]
Os outros membros da família, estendidos no chão sem poder mexer-se devido às pancadas, foram transportados para o hospital de Jerusalém Hadasa Ean Karem. […] A família, que vive em território ocupado perto de Belém, não tem autorização de entrar em Jerusalém e não pode portanto visitá-los.
O objectivo dos colonos é de se apropriar dessa casa palestiniana, que fica desocupada dos seus habitantes. [...]”
Contacto: Mahmoud AL’AA Eddin & Catherine Noel
Al-masara village. 00972599817820
Traduzido de CAPJPO-EuroPalestine, 24 de Junho de 2011
Os dois atentados cometidos por Anders Behring Breivik, um fundamentalista cristão de extrema-direita, custaram a vida a um número ainda indeterminado de pessoas, muito próximo da centena. Às primeiras notícias do carro-bomba detonado em Oslo, reagiram os media, vários comentadores e parte da opinião pública com a suspeita de que deveria tratar-se de um atentado de fundamentalistas islâmicos. Depois do segundo atentado e da detenção de Breivik, tornou-se claro que os motivos do terrorista e de possíveis mentores seus eram exactamente os opostos. Com efeito, o manifesto que Breivik publicou na internet minutos antes de partir para a mortífera expedição manifestava o seu ódio ao que considera serem vários males da sociedade contemporânea, com especial destaque para o marxismo e para o islão. Entre os seus ódios de estimação destaca-se também a resistência do povo palestiniano à ocupação do que Breivik considera um Estado-modelo: Israel.
Dir-se-á que o Estado de Israel, por muito que mate palestinianos todos os dias, nunca mataria noruegueses. E acrescentar-se-á apressadamente que Breivik é um louco, agindo individualmente. Na verdade, a investigação em curso ainda não detectou cumplicidades para esse atentado tão difícil de cometer individualmente. Caso venha a detectá-las, restará ainda apurar de quem foram essas cumplicidades. A tarefa pode não ser fácil: na Suécia, foram precisas décadas para se estabelecer com razoável plausibilidade que o assassínio de Olof Palme terá sido organizado pela secreta de um Estado-gémeo de Israel: o apartheid sul-africano.
Quanto à teoria dos loucos solitários, também é difícil de estabelecer: em 25 de fevereiro de 1994, um deles, ou assim suposto, entrou numa mesquita em Hebron, na Palestina ocupada, e matou a tiro 29 palestinianos, até ser dominado e morto. O então primeiro-ministro israelita, Isaac Rabin, não quis reconhecer que o desprezo pela vida dos palestinianos, a sobranceria racista que ele próprio tinha cultivado, as ordens que dava aos seus soldados para fracturarem os ossos de crianças palestinianas prisioneiras e as estropiarem para toda a vida, tudo isso era um exemplo vindo de cima que o co-responsabilizava pelo crime de Goldstein. Mas Rabin tão-pouco acreditou na história do atirador solitário: nesse momento, em que já queria aparecer aos olhos do mundo como o promotor da paz, fez um violento discurso contra os colonos extremistas que, pelo menos, tinham instigado Goldstein. Pouco tempo depois, o mesmo Rabin foi assassinado por um desses colonos extremistas - outro alegado atirador solitário -,em circunstâncias que sempre sugeriram fortes cumplicidades no aparelho de segurança israelita.
Mesmo na hipótese mais benevolente de todas, de Breivik ter sido o tal louco solitário, é necessário sublinhar que uma propaganda islamofóbica tão sistemática como a que tem encharcado desde há vários anos os media ocidentais, com realce para a galáxia de Murdoch, só pode produzir loucos genocidas. A posteriori, o site sionista JSSNews fornece um exemplo revelador de como a propaganda pró-Israel procura atenuantes para o crime: sob o sugestivo título "As jovens vítimas de Oslo militavam pelo boicote racista a Israel", o autor empreende explicar que o ministro norueguês dos Negócios Estrangeiros fora recebido no acampamento dos jovens trabalhistas com faixas que apelavam a boicotar Israel e a reconhecer na ONU o Estado palestiniano.
Que Breivik é um Baruch Goldstein norueguês, ninguém pode duvidar, desde o momento em que ele próprio fez do ódio anti-islâmico e especialmente anti-palestiniano um dos pontos fundamentais do seu manifesto, e usou a mesma técnica com o mesmo objectivo genocida. As suas motivações são tão claras como as de Goldstein, a sua rede de cumplicidades é tão incerta como a do colono israelita.