A Veolia acaba de perder um novo contrato de 485 milhões de libras (cerca de 600 milhões de euros) em Londres, após uma campanha dos militantes BDS denunciando as violações do direito internacional pela empresa francesa.
A"West London Waste Authority" (WLWA) acaba de afastar a Veolia de um concurso para a gestão do lixo doméstico de 1,4 milhão de residentes dos bairros de Brent, Ealing, Harrow, Hillingdon, Hounslow e Richmond-upon-Thames.
Isto, depois de uma campanha de 6 meses levada a cabo por activistas da campanha BDS e uma petição assinada por 600 habitantes desse sector ocidental londrino, divulgando a maneira como a Veolia viola os direitos humanos e o direito internacional em Jerusalém e na Cisjordânia, nomeadamente através da recolha do lixo dos colonos para descarregá-lo em seguida nos locais onde vivem os palestinianos.
Mas também através da exploração das linhas de autocarros reservadas aos colonos e do recrutamento em Israel baseado em critérios racistas.
Este é o segundo contrato perdido pela Veolia, menos de 6 meses após o da municipalidade de Ealing em Londres, com um valor de 300 milhões de libras!
"E é o que espera todos os que colaboram com a política de ocupação e de opressão israelita", declarou Sarah Colborne, directora da Palestine Solidarity Campaign na Grã-Bretanha.
Ao tomar conhecimento de que a cantora portuguesa Ana Moura tencionava actuar em Televive no dia 27 de Janeiro 2012, o Comité de Solidariedade com a Palestina enviou-lhe uma carta pedindo-lhe que não o fizesse e que se juntasse assim ao movimento internacional de boicote contra a política israelita de ocupação e de apartheid.
Este tipo de apelo tem sido lançado em todo o mundo e dirigido a muitas dezenas de artistas, em particular músicos e realizadores. Elvis Costello, Roger Waters, Marianne Faithless são apenas alguns dos que aderiram à campanha de boicote e se recusaram a actuar em Israel. O realizador britânico Ken Loach é talvez o mais conhecido dos que se recusaram a participar em festivais israelitas.
Portugal não ficou fora desse movimento. Em Janeiro deste ano, Dulce Pontes acabou por cancelar um concerto seu programado em Telavive, após a insistência de vários activistas portugueses e internacionais. Uns meses antes, várias organizações, entre as quais Panteras Rosa, Comité de Solidariedade com a Palestina, SOS Racismo e Colectivo Mumia Abu-Jamal – tinham-se juntado para pressionar a organização do Festival Queer de cinema a recusar o apoio da embaixada de Israel ao festival. O realizador canadiano John Greyson obrigou o festival a retirar dois filmes seus quando soube que Israel apoiava o evento. O resultado foi que na edição de 2011, o Queer Lisboa já não estava associado a um Estado cuja história é marcada pelo roubo e a ocupação de um território de onde o seu povo é expulso e oprimido.
Os apelos para que Ana Moura não ajude a branquear os crimes desse Estado partem também dos próprios israelitas, como é o caso da organização BOYCOTT! Supporting the Palestinian BDS Call from Within (http://boycottisrael.info/), que se dirigem à cantora nestes termos: “Os palestinianos fãs da sua música que vivem na Cisjordânia, numa terra governada por Israel, estão sob a lei marcial e não serão autorizados a deslocar-se até Telavive para desfrutar do seu concerto. (…) Performances de alta qualidade como o seu concerto agendado têm servido para branquear os crimes [de Israel] e a criar uma imagem de Israel como a de um 'Estado moderno', onde as celebridades vêm actuar e ver as localidades turísticas. Na verdade, algumas das localidades estão situadas em território ocupado, e mais de 3 milhões de pessoas, incluindo fãs seus palestinianos, não podem assistir aos concertos em Telavive, mesmo quando estão a viver sob o controlo israelita, nomeadamente a ocupação”.
Em Portugal, juntamo-nos às vozes palestinianas e israelitas que apelam a uma tomada de posição de Ana Moura : a arte, a boa música e o talento da cantora não devem ser postos ao serviço de um regime de apartheid e limpeza étnica.
O Musée de l’Elysée suspendeu a organização do prémio do qual foi afastada Larissa Sansour. A empresa Lacoste considerava que o trabalho desta jovem palestiniana era demasiado pró-palestiniano.
Comunicado de imprensa
«Lausanne, 21 de dezembro de 2011 – O Musée de l’Elysée decidiu suspender a organização do Prémio Lacoste Elysée 2011. Introduzido em 2010 para apoiar os jovens fotógrafos, este prémio tem um valor de 25.000 euros.
Para esta edição de 2011, 8 artistas foram seleccionados para concorrer. Foi-lhes pedido que produzissem 3 fotos sobre o tema da alegria de viver.
Cada um deles, recebendo uma bolsa de 4.000 euros, tinha carta branca para interpretar esse tema como o entendesse, de maneira directa ou indirecta, com autenticidade ou ironia, baseando-se ou não no seu trabalho anterior.
Um júri de peritos deveria reunir-se no final de Janeiro para escolher o vencedor desse prémio. O Musée de l’Elysée acaba de tomar a decisão de suspender tudo, devido ao desejo do parceiro privado de excluir Larissa Sansour, uma dos 8 candidatos seleccionados.
Reafirmamos o nosso apoio a Larissa Sansour pela qualidade artística do seu trabalho e o seu empenho.
O Musée de L’Elysée propos-lhe até expôr a sua "Nation Estate" nas suas instalações.
Há 25 anos que o Musée de l’Elysée defende com força artistas, o seu trabalho, a liberdade artística e a liberdade de expressão. Ao tomar esta decisão hoje, o Musée de l’Elysée é fiel ao seu compromisso com os seus valores fundamentais.»
Contacto: Sam Stourdzé, Director do Musée de l’Elysée, +41 21 316 99 10, sam.stourdze@vd.ch
Como dizia Shulamit Aloni, ex-ministra israelita da Educação, «não é preciso fornos crematórios nem câmaras de gás para perpetrar um genocídio». Como qualificar o comportamento israelita relativo ao corte de água ou de electricidade aos palestinianos?
Em Gaza, apenas 10% dos 1,6 milhões de habitantes têm acesso à água todos os dias. A companhia israelita de electricidade fornece 60% das necessidades da faixa de Gaza, tudo pago com as taxas alfandegárias palestinianas cobradas pelas autoridades israelitas.
Gaza compra 5% da electricidade no Egipto e procura produzir ela própria os outros 35% na única fábrica eléctrica de Gaza, gravemente danificada quando foi bombardeada por Israel em 2006.
No dia 26 de Novembro, Danny Ayalon, adjunto do ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, ameaçou cortar a electricidade e a água provenientes de Israel, assim como todas as ligações de infraestrutura que servem os 1,6 milhões de habitantes da faixa de Gaza.
O verdadeiro sentido do castigo colectivo
«É o verdadeiro sentido do castigo colectivo », declarou Jaber Wishah do Palestinian Centre for Human Rights. «As crianças, as mulheres, as pessoas de idade, os doentes, os estudantes, todos ficam sujeitos a esta ameaça».
Após as eleições democráticas de 2006 que levaram o Hamas ao poder, Israel impôs um bloqueio cada vez mas severo na faixa costeira, o que tem por consequência privar os palestinianos da maioria dos bens essenciais e básicos, entre os quais animais de criação, medicamentos, máquinas e peças sobresselentes, e o combustível industrial necessário ao funcionamento da estação de produção de energia.
Uma chantagem absurda
«Israel sempre cortou a electricidade e destruiu as infraestruturas ao longo de todos estes anos, mas é a primeira vez que eles ameaçaram explicitamente cortar tudo e totalmente», declarou Wishah. «É absurdo fazer chantagem sobre a vida de uma população inteira por causa de problemas políticos».
E é também ilegal.
Wishah faz notar que Israel continua a ocupar militarmente e a controlar a faixa de Gaza, apesar da retirada dos colonos israelitas e das bases militares em 2005. Segundo o direito internacional, Israel é responsável pelo bem-estar da população do território ocupado, devendo cuidar nomeadamente do fornecimento de electricidade, de água e da infraestrutura operacional.
[…] Mais de 100 palestinianos morreram em 2009 e no primeiro trimestre de 2010, relatou a Oxfam, por causa dos incêndios ou do monóxido de carbono causados pelos geradores.
[…] «Será uma catástrofe se Israel cortar a electricidade. A metade da população não terá acesso à água», declarou Maher Najjar [director geral adjunto do serviço municipal de gestão das águas costeiras].
Actualmente, 95% da água dos lençóis subterrâneos não se pode beber, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS detectou concentrações de nitratos, que se pensa serem cancerígenos, superior a 330 mg por litro de água, ultrapassando de longe os 50 mg/litro tolerados.
[…] «Israel furou mais de 1000 poços à volta da faixa de Gaza para seu uso próprio. Cortaram o escoamento da água antes de ela atingir a faixa de Gaza», declarou o sr. Najjar.
Enquanto que a quantidade de água fornecida pela Mekorot, a companhia nacional de água de Israel, cobre apenas 5% das necessidades, é a ameaça de Israel de cortar a electricidade e as infraestruturas que os habitantes de Gaza mais temem. «O cloro é vital para o nosso tratamento da água. Sem ele, não podemos consumir um único copo de água», declarou o sr. Najjar.
As águas sujas não tratadas
Já por falta de electricidade e de instalações adequadas para o tratamento da água, até 80 milhões de litros de águas usadas brutas ou parcialmente tratadas são jogadas diariamente desde a faixa de Gaza para o mar.
Em 2008, a Organização Mundial da Saúde constatava níveis perigosos de bactérias fecais ao longo de um terço da costa de Gaza. Em 2010, as Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) assinalaram que a diarreia aguda e a hepatite viral permaneciam as doenças mais graves entre os refugiados da faixa de Gaza.
«Precisamos de electricidade para continuar a bombear as águas sujas provenientes das habitações até às estações de depuração», declarou o sr. Najjar. «Os geradores servem de auxílio durante os cortes de electricidade, mas sem o fornecimento regular de electricidade, os dejectos acabarão por inundar as ruas».
Em Agosto de 2007, uma bacia de retenção de águas sujas na cidade de Beit Lahiya transbordou, afogando cinco habitantes de uma aldeia vizinha.
«Penso que os israelitas estão sérios quanto à sua ameaça», declarou Wishah, «porque eles não se importam com as leis e as convenções internacionais, como as Convenções de Genebra, que eles assinaram e que proíbem os castigos colectivos. Eles sentem que estão acima da lei e para além de qualquer acção judicial».