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SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA

Informação sobre a ocupação israelita, a resistência palestiniana e a solidariedade internacional *** email: comitepalestina@bdsportugal.org

SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA

Informação sobre a ocupação israelita, a resistência palestiniana e a solidariedade internacional *** email: comitepalestina@bdsportugal.org

Vitens põe fim à sua relação com a Mekorot, seguindo o conselho do governo

Texto do BNC-Comité Nacional Palestiniano de BDS [boicote, desinvestimento e sanções]

13.12.2013

Traduzido pelo Comité de Solidariedade com a Palestina

 

 

O BNC, a maior coligação da sociedade civil palestiniana, felicita a Vitens, a mais importante fornecedora de água dos Países Baixos, pela sua decisão, ditada pelo seu respeito do direito internacional, de por termo ao acordo de cooperação com a empresa nacional de água de Israel, a Mekorot.[1]

 

O BNC também saúda o ministério dos Negócios Estrangeiros, que informou a Vitens sobre a cooperação com os colonatos israelitas ilegais e que de uma forma geral tem dissuadido as transacções financeiras com eles. O BNC agradece a Lilianne Ploumen, ministra do Comércio Externo e da Cooperação no Desenvolvimento, que soube ouvir o apelo de organizações palestinianas para que fosse cancelado, durante a recente visita de uma delegação comercial holandesa a Israel, um encontro com a Mekorot, por causa do seu envolvimento activo na política de colonização de Israel.[2]

 

A Mekorot viola o direito internacional e é responsável por crimes de guerra, nomeadamente a pilhagem dos recursos de água nos territórios palestinianos ocupados (TPO), o fornecimento dessa água roubada aos colonatos israelitas ilegais, a discriminação sistemática e a negação dessa água à população palestiniana ocupada.

 

O BNC apela aos governos, municipalidades e empresas privadas de todo o mundo para que sigam o exemplo do governo holandês e da Vitens e desencorajem os negócios com os colonatos israelitas ilegais, evitando ou rompendo qualquer cooperação com empresas israelitas cúmplices, como a Mekorot.

 

Relativamente à actual pressão israelita sobre a Vitens para que esta volte atrás sobre a sua decisão, argumentando que a Autoridade Palestiniana tem mantido as suas ligações com a Mekorot,[3] é importante esclarecer que os palestinianos não controlam os vastos aquíferos subterrâneos da Cisjordânia ocupada. Esse controlo é monopolizado por Israel, através da Mekorot e do exército israelita, que trabalham em estreita colaboração como instrumentos do regime israelita[4], de ocupação colonialista e de apartheid.

 

A anexação de facto dos aquíferos por Israel tem retirado aos palestinianos a capacidade de usarem os seus próprios recursos de água para o desenvolvimento do seu país. No total, Israel – através da Mekorot – captura perto de 90% da produção anual do lençol freático de montanha da Cisjordânia em proveito dos colonatos ilegais e das cidades situadas dentro de Israel, deixando a população palestiniana com umas gotas de água bem abaixo das normas da Organização Mundial da Saúde.

 

A Mekorot também se aproveita do seu monopólio sobre a água roubada: os palestinianos são forçados a comprar a escassa água comercializada pela Mekorot e a sujeitar-se às ameaças constantes de aumento dos preços[5]. Para além disso, a Mekorot tem um papel relevante no tratamento das águas usadas das cidades palestinianas, cobrando milhões aos palestinianos, para em seguida fornecer (gratuitamente) a água tratada aos agricultores israelitas, em vez de a devolver aos palestinianos para ser reutilizada.[6]

 

Os fornecimentos de água ilimitados e subsidiados da Mekorot aos colonatos israelitas ilegais nos TPO e às comunidades em Israel contribuem essencialmente para a produtividade da agricultura israelita nas duas zonas. A produção agrícola tanto dos colonatos dos TPO como das fazendas em Israel beneficia do roubo da água palestiniana pela Mekorot e é regularmente exportada para os mercados estrangeiros, sobretudo europeus.

 

Estas práticas da Mekorot dizimaram a economia palestiniana nos TPO, em particular o sector agrícola. Empurraram milhares de famílias palestinianas para a pobreza, enquanto que a recusa deliberada de água também contribuiu para a limpeza étnica dos palestinianos em certas zonas.[7]

 

A “cooperação” entre a Autoridade Palestiniana e a Mekorot referida pelos propagandistas israelitas é portanto uma relação de coação que serve o domínio israelita e a colonização dos TPO e leva à dependência palestiniana. A cooperação económica internacional com a Mekorot ajuda a manter esta situação ilegal e significa cumplicidade com os crimes de guerra israelitas de pilhagem dos recursos de água palestinianos e de transferência forçada da população pela política de colonização ilegal na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém oriental.

 

Internacionalmente, a Mekorot autopromove-se como uma perita em conservação e uso da água e ajuda a perpetuar o mito de Israel como sendo o pioneiro “que faz florir o deserto”. Na realidade, porém, os centros de população israelita e palestiniana estão situados em zonas ricas em recursos naturais de água. Israel explora falsas representações do Médio Oriente e esconde o facto de que chove mais em Telavive, ou até na cidade palestiniana ocupada de Ramallah, do que na “chuvosa” Londres.[8] Em segundo lugar, a imagem de Israel enquanto conservadora de água revela-se um mito, por exemplo, pelo seu uso excessivo de água, muitas vezes superior ao dos níveis europeus; as suas práticas agrícolas insustentáveis; e a sua destruição da herança hidráulica da Palestina histórica, desde a drenagem do Vale de Hula até à redução progressiva, por meios humanos, do Mar Morto.[9] A maioria dos contratos que a Mekorot está actualmente a procurar no estrangeiro explora esse mito como argumento comercial e esconde os crimes da empresa contra o povo palestiniano e o meio ambiente.

 

O BNC saúda a Vitens por ter tomado a decisão de cortar as suas ligações com a Mekorot e o governo holandês por ter fornecido o dispositivo legal apropriado. O BNC apela às entidades públicas e aos negócios em todo o mundo, incluindo entre outros a empresa nacional das águas portuguesa EPAL, a cidade de Akron (Ohio), o Estado de Utar Pradesh na Índia e os governos na América do Sul, em particular o Brasil e a Argentina, para que tomem medidas e se abstenham de cooperar ou ponham fim à cooperação com a Mekorot.

 

O BNC apela em particular aos governos para que sigam o exemplo do governo holandês e desencorajem activamente as ligações comerciais com a actividade israelita de colonização nos TPO como um passo para acabar com a ocupação, a colonização e o apartheid israelitas contra o povo palestiniano.

 

 

 

Para mais informações: http://www.bdsmovement.net/2013/dutch-water-company-terminates-relationship-mekerot-government-advice-11502#sthash.HDfr94AT.dpuf

 


 

[1] http://www.vitens.nl/overvitens/organisatie/nieuws/Paginas/Vitens-be%C3%ABindigt-samenwerking-Mekorot.aspx

 

[2] http://nos.nl/artikel/583700-rutte-loopt-op-eieren-in-israel.html

 

[3] http://www.haaretz.com/news/diplomacy-defense/.premium-1.562769

 

[4] http://www.amnesty.org/en/news-and-updates/report/israel-rations-palestinians-trickle-water-20091027

 

[5] http://www.maannews.net/eng/ViewDetails.aspx?ID=306248

 

[6] http://www.ewash.org/files/library/Factsheet%207.pdf

 

[7] http://www.btselem.org/download/201105_dispossession_and_exploitation_eng.pdf

 

[8] http://visualizingpalestine.org/infographic/wb-water

 

[9] http://www.alternativenews.org/english/index.php/news/news/5331-response-to-cogat-fact-sheet-on-water-in-west-bank.html

 

 

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