O BNC, organização que dirige o movimento BDS, lançou uma petição protestando pelo facto de que os contratos para a reconstrução dos estragos causados por Israel em Gaza no verão passado vão ser atribuídos pelas Nações Unidas a empresas israelitas, o que significa uma verdadeira incitação à repetição de novos massacres.
Os doadores internacionais juntaram 5,4 mil milhões de dólares para a reconstrução de Gaza, após o ataque de 50 dias deste verão que matou 2.254 palestinianos, incluindo 538 crianças, e causou uma vasta destruição material.
Estudos mostram que pelo menos 45% dessa soma vão ajudar a economia israelita. As empresas que vão ganhar lucros com o fornecimento de materiais para a reconstrução de Gaza são as mesmas que pilham permanentemente os recursos naturais palestinianos e que participam à construção de colonatos ilegais nos territórios ocupados:
- NESHER, empresa israelita detentora do monopólio do cimento que serve para construir o muro de anexação e apartheid, os checkpoints e os colonatos. - READYMIX, possui fábricas nas zonas industriais de vários colonatos, entre os quais os de Ariel e Mishor Edomim. - HANSON ISRAEL, que produz asfalto e cimento acabado, dispõe de 4 fábricas em colonatos na Cisjordânia ocupada e está envolvida em extracção ilegal.
As instituições das Nações Unidas têm regularmente ignorado os apelos da sociedade civil palestiniana para que deixem de recompensar as companhias pelos seus crimes de guerra contra os palestinianos. É tempo que ouçam o repúdio público pela sua cumplicidade no cerco de Gaza.
Por Omar Barghouti Middle East Eye - 23 Novembro 2014
A onda internacional de condenação da actuação de Israel na Palestina, e em particular em Gaza, põe em evidência o crescente impacto da BDS
Embora ainda profundamente cúmplice em perpetuar a ocupação israelita e em permitir que a sua comissão cometa graves violações do direito internacional, a União Europeia tomou recentemente uma série de medidas que podem indicar um tendência crescente para sanções contra Israel pelo seu fracasso em iniciar um acordo pacífico com a Autoridade Palestiniana.
O quotidiano israelita Haaretz publicou na semana passada um documento da UE que debate possíveis sanções contra Israel e contra empresas europeias envolvidas na construção e na infraestrutura de colonatos israelitas ilegais no território ocupado da Palestina, incluindo Jerusalém oriental.
O documento também apela a proibir contactos com os colonos israelitas e figuras públicas que rejeitam a “solução dos dois Estados”, uma medida que “pode levar ao boicote de velhos ministros governamentais como Naftali Bennett e Uri Ariel do Habayit Hayehudi, muitos deputados do Likud e até, em casos extremos, o presidente Reuven Rivlin”.
Diplomatas europeus explicaram o contexto desta discussão sobre sanções dizendo: “Isto é um sinal de que existe um grave problema de raiva e frustração nos Estados membros. Nos últimos meses houve encontros de ministros dos Negócios Estrangeiros europeus durante os quais ministros considerados muito próximos de Israel falaram de maneira crítica contra as políticas do governo de Netanyahu.”
O último ataque de Israel a Gaza, condenado como um “massacre” pela presidente brasileira e até pelo ministro francês dos Negócios Estrangeiros, exacerbou essa raiva e desgastou ainda mais o apoio cada vez mais fraco a Israel na opinião pública europeia. Um antigo deputado e vice primeiro-ministro britânico e um antigo primeiro-ministro francês apelaram a sanções. O vice-presidente do segundo maior partido da Alemanha, Ralf Stegner, do Partido Social-Democrata de centro-esquerda, apelou a um boicote de armas a Israel, à Arábia Saudita e ao Qatar. No dia 7 de Novembro, a UE votou em bloco apoiar várias resoluções da ONU respeitando os direitos dos refugiados palestinianos tal como estão estipulados na resolução 194 da ONU e condenando, entre outras violações, os colonatos israelitas como uma violação da 4ª Convenção de Genebra. Uma série de resoluções de parlamentos europeus reconhecendo o “Estado da Palestina” é vista por Israel como um indicador claro da frustração oficial da Europa para com Israel e do vasto descontentamento com as suas políticas, apesar de que esse reconhecimento está bem longe de corresponder à obrigação dos Estados europeus em fazer respeitar os direitos inalienáveis do povo palestiniano.
Ao vermos, no entanto, a rapidez com que a UE adoptou sanções contra a Rússiapor alegadas violações na Ucrânia, que fazem fraca figura em comparação com os crimes de guerra em Gaza e Jerusalém, não se pode senão acusar a Europa de pura hipocrisia por ainda estar a debater sanções contra Israel após décadas de ocupação, limpeza étnica e outras graves violações dos direitos humanos.
Longe de reflectir uma abordagem de princípios que consistentemente faça respeitar os direitos humanos e o direito internacional, a série de medidas europeias contra Israel reflecte sobretudo o desgaste do apoio a Israel entre os públicos europeus e o crescente impacto do movimento global, dirigido pelos palestinianos, de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a nível da população e da sociedade civil.
Uma olhada para a rápida deterioração da situação dos países europeus pode explicar o debate dentro da UE sobre possíveis sanções contra Israel. Um apelo, este mês, à UE para que suspenda o seu Acordo de Cooperação com Israel, o principal mecanismo de colaboração entre as duas partes, foi subscrito por mais de 300 partidos políticos, importantes sindicatos, proeminentes ONGs e outros grupos europeus que se manifestavam pela primeira vez.
Mesmo antes de Gaza, uma sondagem da BBC de 2014 colocou Israel em terceiro – ou quarto – lugar, a competir com a Coreia do Norte, enquanto país pior considerado no mundo, na opinião de dois terços dos europeus.
Grande parte do estatuto de quase-pária de Israel para muitos europeus pode ser atribuído à tomada de consciência dos crimes de Israel contra os palestinianos, a sua tendência política para o fanatismo e a eficaz campanha de BDS.
Iniciada em 2005 pela maior coligação de partidos políticos, federações de sindicatos e organizações de massa da sociedade palestiniana, a BDS apela ao fim da ocupação israelita de 1967, ao fim da sua discriminação racial institucionalizada, que corresponde à definição da ONU de apartheid, e ao respeito pelo direito dos refugiados palestinianos regressarem às suas casas e terras das quais foram desenraizados e expropriados em 1948.
A BDS já foi percebida por Israel como uma “ameaça estratégica” bem antes da recente devastação de Gaza. Como resultado do alto preço humano do ataque de Israel a Gaza e da sua colonização sem precedentes da Cisjordânia ocupada, sobretudo dentro de à volta de Jerusalém oriental, a BDS testemunhou uma onda excepcional de êxitos qualitativos.
O isolamento internacional de Israel, que um funcionário da Casa Branca prevê poder tornar-se um “tsunami” se Israel não puser fim às suas “ocupações”, está predestinado a agravar-se. Com os esforços de mediação do secretário de Estado John Kerry a falhar espectacularmente perante a intransigência israelita, um recente quase-consenso palestiniano emergiu na procura de conseguir alcançar os direitos elementares palestinianos por fora do quadro sem fim das negociações iniciadas em Oslo há duas décadas.
Efectivamente, os palestinianos estão a encontrar um vasto apoio internacional, inclusive ao nível da população nos EUA e na Europa, para pressionar Israel economicamente, academicamente e por outros meios a respeitar o direito internacional e por fim à sua subjugação dos palestinianos.
O Kuwait foi o primeiro membro da Organization of Islamic Cooperation a cumprir com a decisão da organização, tomada no pico do ataque israelita a Gaza em Agosto, de “impor sanções políticas e económicas a Israel, e boicotar as empresas que actuam nos colonatos construídos em território palestiniano ocupado».
O ministério do Comércio e da Indústria do Koweit anunciou que não continuará a negociar com 50 empresas e instituições internacionais que actuam nos colonatos, uma medida que vai ter provavelmente repercussões consideráveis na viabilidade do envolvimento empresarial nos colonatos.
Cinco governos latino-americanos impuseram várias formas de sanções diplomáticas e comerciais enquanto o presidente boliviano Evo Morales juntou dezenas de importantes intelectuais e figuras públicas latino-americanos para aderir ao boicote a Israel. A Alliance of South Africa, dirigida pelo Congresso Nacional Africano no poder também adoptou explicitamente a BDS.
Os crimes de guerra em Gaza e o facto de a ofensiva ter juntado o apoio de 95 por cento dos israelitas judeus enfraqueceu ainda mais o seu apoio no seio das comunidades judaicas pelo mundo fora. Uma recente sondagem de J Street, um grupo de lobby israelita nos EUA, revelou que 15 por cento dos judeus americanos apoiam a BDS contra Israel. Também se tornou consideravelmente mais tolerável para antigos intelectuais sionistas distinguir Israel do judaísmo ou descrever o sionismo como uma ideologia “xenófoba e de exclusão” baseada numa “mentira, num mito, de que a Palestina era um país sem povo”.
Um jornalista judeu americano esclarecido foi ao ponto de criar um #JSIL, defendendo um Estado Judeu no Levante.
327 sobreviventes judeus do Holocausto e descendentes publicaram um anúncio de meia página no New York Times com o slogan, “Never Again for Anyone!” [nunca mais para ninguém], condenando o “genocídio” permanente contra os palestinianos e apelando ao “total boicote económico, cultural e académico de Israel”.
O apelo a um embargo militar sobre Israel lançado por seis prémios Nobel e dezenas de celebridades foi subscrito por dezenas de milhares de pessoas. Amnesty International desenvolveu o seu apelo a um embargo militar a Israel exortando o governo dos EUA a bloquear um fornecimento de combustível destinado ao exército israelita. Oxfam International também emitiu um apelo para o fim da venda de armas a Israel.
Apoiantes de Israel em Hollywood reagiram furiosamente quando os premiados dos Óscares Penelope Cruz, Javier Bardem e Pedro Almodovar se juntaram a quase 100 outros artistas em Espanha acusando Israel de “genocídio”, com alguns produtores colocando Cruz e Bardem na “lista negra” e mostrando a subida de um novo McCarthismo que utiliza o apoio incondicional a Israel como o melhor teste de lealdade.
Mais recentemente, Viggo Mortensen condenou o “terrorismo de Estado de Israel”.
Tomando em conta apelos do movimento BDS para bloquear operações de navios israelitas nos portos, estivadores e activistas de Oakland, na Califórnia, conseguiram impedir que um navio israelita descarregasse durante vários dias consecutivos.
Particularmente alarmante para Israel é o facto de o boicote ter ido desta vez bem para além da Europa, atingindo a Índia, Turquia, África do Sul e até a economia cercada do território ocupado da Palestina. Pela primeira vez em décadas, os consumidores, empresários e várias municipalidades palestinianos juntaram-se a um fluxo de boicotes populares efectivos contra as mercadorias israelitas, apesar das dificuldades práticas colocadas pela ocupação.
O rápido e ininterrupto crescimento da BDS em círculos tradicionais nos últimos dois anos causou um sentido agudo de urgência em Israel para aumentar a sua aposta em esmagar o movimento não-violento pelos direitos humanos.
Este crescimento do movimento BDS começa a mudar as coisas contra o regime de ocupação, colonização e apartheid de Israel entre os tomadores de decisões.
Israel pode vir em breve a enfrentar o seu momento sul-africano.
Omar Barghouti é um activista dos direitos humanos palestiniano e co-fundador do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) pelos direitos dos palestinianos.
Regressei a este país (e é um país) para encontrar uma situação ainda maistensa do que era há duas semanas atrás. Um colono israelitaatropelou crianças palestinas matando uma de 5 anos e ferindo outra.Um nativo palestiniano atropelou um guarda da fronteira israelita em Jerusalém, matando um e ferindo vários. Tais incidentes são cada vez mais frequentes.
O sionismocomeçou aqui como um movimento colonial para transformar uma florescente multi-religiosa Palestina em EJIL (Estado Judeu de Israel no Levante). O apoio das potências ocidentais foi e continua a ser crucial para o estabelecimento do EJIL e a sua manutenção (cada vez mais dispendiosa). Os movimentos coloniais devem, por um lado, destruir a sociedade nativa e, por outro lado, construir uma nova sociedade. No caso da colonização da Palestina (agora chamada Israel), a destruição é de cortar a respiração. Somos 7 milhões de refugiados ou de pessoas deslocadas (de uma população de 12 milhões). A terra da Palestina histórica que nos resta para viver é de cerca de 8% (incluindo os guetos da Galiléia, Naqab, Gaza, Jerusalém Oriental e Cisjordânia). Agora milhões de colonizadores da Europa e de outras partes do mundo controlam 92% do território, mais de 90% da água, todas as fronteiras e todos os outros recursos naturais do país.
A política sionista do poder virou direito e significa que os direitos humanos e o direito internacional não são aplicáveis aqui. Isto aumenta a frustração e a raiva dos povos nativos. Os nativos foram privados de liderança real (anteriormente a OLP) e têm agora uma "Autoridade Palestina" (AP), aprovada pelos EUA / Israel. Os homens da AP estão mais preocupados com seus empregos do que com o futuro da Palestina, e actuam agora como esbirros da ocupação. Esta foi a armadilha que foi criada nas negociações da Noruega em 1993 (posteriormente referidas como os Acordos de Oslo). Desde então, só na Cisjordânia, o número de colonos israelitas aumentou de 180.000 para 650.000. A vida para os restantes palestinianos tornou-se cada vez mais insuportável (excepto se pertencem à elite da AP, cuja maioria está em Ramallah). Para manter um sistema racista significa alimentar um sistema educacional e social israelita que leva cada vez mais a sua população a extremos.
O sistema chauvinista e esquizofrênico, alheado do futuro, caminha lado a lado com o fascismo. Casas estão a ser destruídas, milhões de nós não têm direito a viver no nosso país, nem o direito de visitar, nem rezar nas igrejas e mesquitas em Jerusalém. Os esforços de transformação para o país parecer cada vez mais "judeu" aceleram-se, especialmente, nos arredores de Jerusalém provocando mais tensões.
Israelitas decentes estão a abandonar o sistema (são agora 300.000 a viver na Alemanha, onde há o maior crescimento de população judaica). OsPalestinos sem lugar para onde ir estão a ficar desesperados. A pressão aumenta como o vapor numa panela de pressão. Os actos de violência individual que vemos são apenas um sintoma deste sistema insustentável e o perigo está a alastrar-se.
O Estado Judeu de Israel no Levante (EJIL) tem que ter novos estados como o sunita (ISIS) e xiita e outros, de modo que ser "naturalizado" em vez de ser o único sistema de apartheid na Ásia Ocidental. As nossas escolhas ainda são 1) o poder faz o direito, ou 2) os direitos humanos, incluindo a abolição de estados baseados na religião, e a insistência em democracias seculares. O primeiro caminho leva a uma situação em que todos ficamos a perder, e o segundo a uma situação em que todos ficamos a ganhar.
Não há um cenário vencedor-vencido (como MLK disse uma vez ou vivemos juntos em igualdade com outros seres humanos ou pereceremos juntos como tolos). Ficar pendurado entre dois caminhos apenas significa mais extremismo, mais violência, e mais injustiça. Escolher a democracia, os direitos humanos e a justiça não é fácil e pagamos um preço (financeiramente, fisicamente, etc.). Somos nós, as pessoas que devem fazer por isso (já que todo o mundo reconhece que, na sua maioria, os nossos políticos são hipócritas e tolos egocêntricos).
O dia em que voltei também foi o dia em que as "eleições" nos EUA nos deram um congresso ainda mais subserviente inclinado para aumentar a destruição da economia dos EUA com o fim de servir interesses especiais. Alguns de nós pagam preços mais pesados do que outros e alguns até foram mortos (muitos dos meus amigos foram mortos em manifestações não-violentas). Alguns perdem empregos ou casas. Alguns são feridos. Alguns passam anos como presos políticos. Mas é uma luta existencial e deve ser levada a cabo. Como fazê-lo e manter a dignidade, a humanidade e a paz interior é um desafio. «Não se pode ser neutro num comboio em movimento» sem que a apatia seja conivente com a opressão. Quando a nossa curta estadia neste mundo se aproxima do fim, vamos nos arrepender ou sermos orgulhosos de ter tentado torná-lo melhor? A escolha é óbvia.
Para aqueles que querem saber acerca da minha estadia de quase duas semanas na Europa: Conheci centenas de pessoas. Falei em mais de 15 eventos em três países (França, Suíça e Noruega). Estabeleci bons contatos para ajudar a estabelecer projetos conjuntos entre o nosso Museu de História Natural da Palestina e alguns grupos europeus para trabalharmos no desenvolvimento sustentável, democracia e justiça (ou seja, ajudar-nos a viajar ao longo do caminho em que todos ficamos a ganhar). Todas as parcerias com pessoas que compartilham esta visão é bem-vinda. A luta continua.
* Mazin Qumsiyeh é investigador em genética e professor nas universidade de Belém e Birzeit. É presidente do Centro Palestiniano para a aproximação entre os povos. É uma figura importante da resistência popular contra a ocupação israelita.
Trata-se claramente para o governo israelita de fazer passar a ideia de que a guerra da Palestina é uma guerra de religião, e de fazer assim esquecer o carácter colonial da sua política, o roubo de terras e o carácter profundamente racista do seu Estado de apartheid. Devemos ser capazes de reagir massivamente para defender os palestinianos de Jerusalém oriental, bem como os de toda a Cisjordânia e de Gaza. [...]
Confrontos na Esplanada das Mesquitas
O exército protege as provocações dos colonos judeus, que exigem poder rezar no interior da Esplanada das Mesquitas, e detém os palestinianos que aí vão para rezar. Gases lacrimogénios, granadas ensurdecedoras, tiros de balas de aço revestidas de borracha, feriram na quarta-feira várias dezenas de palestinianos que tiveram de ser hospitalizados. Os esquadrões do exército de ocupação entraram na mesquita onde se tinham deslocado Haneen Zoabi, Talab Abu Arrar e Ibrahim Sarsour, três parlamentares palestinianos. Um incêndio declarou-se na parte do muezin e cabos e altifalantes foram queimados e danificados, relata o director da mesquita Al-Aqsa, Sheikh Omar al-Kiswani, acrescentando que soldados lançaram intencionalmente livros santos para o chão. Foram detidos, no interior da mesquita Tareq al-Hashlamon e Hussam Seder, dois funcionários do departamento islâmico, assim como vários outros palestinianos, entre os quais um menor.
Para além de Al-Aqsa, Israel e os seus colonos multiplicam as provocações e os ataques a palestinianos em Jerusalém oriental e noutras cidades.
Em Jerusalém, um jovem palestiniano de 16 anos foi raptado na terça-feira por colonos. Amir Majdi Ramadan, de Beit Hanina, ia para a escola na sua motorizada quando um carro embateu na traseira da sua moto e três agressores saíram para lhe bater na cabeça com uma espingarda, antes de o fecharem na bagageira do carro. O jovem foi encontrado no chão sem sentidos nas arredores de Beit Hanina e uma ambulância levou-o para o hospital. Os assaltantes tinham-no coberto com uma brochura escrita em hebreu e tinham-lhe levado a pasta.
Por outro lado, em Naplus, perto do campo de refugiados de Balara, várias centenas de colonos chegaram, escoltados por trinta veículos militares, para efectuar ritos religiosos no "Túmulo de José", nesta quinta-feira de manhã, provocando confrontos: lançamento de pedras e de garrafas contra o exército, gás lacrimogénio contra os palestinianos que aí se encontravam.
Para os palestinianos, este túmulo é um monumento funerário de Sheikh Yusef Dweikat, personalidade religiosa local. A zona está em princípio sob controlo da Autoridade Palestiniana, mas os colonos (que são mais de 600.000 nos territórios ocupados) não se inibem de aparecer regularmente em força e de maneira provocatória.
A Jordânia retirou o seu embaixador em Israel para protestar contra esses ataques dos lugares santos e fez uma queixa junto do Conselho de Segurança da ONU a esse respeito, indica a agência de imprensa jordana Petra. Grupos de palestinianos apelam a uma grande manifestação de protesto esta sexta-feira em Aman.
O barco israelita Zim Pekin, que se dirigia para o porto de Oakland, foi desviado do seu porto de destino e reencaminhado para a Rússia, devido aos bloqueios em Oakland, anunciou a campanha "Block the boat".
COMUNICADO DA CAMPANHA "BLOQUEEMOS OS BARCOS"
Oakland fez história uma vez mais com uma grande vitória BDS pela Palestina, contra a companhia marítima israelita Zim.
O Zim Pekin que se dirigia para o porto de Oakland foi reencaminhado directamente para a Rússia para evitar perturbações no terminal SSA. Pela primeira vez, um navio israelita foi completamente desviado antes de ter alcançado o seu porto de destino.
"Os danos à credibilidade de Israel não são exagerados, indicam os organizadores da campanha "Bloqueemos os barcos". A companhia Zim, embora propriedade privada, é uma "aposta de segurança" israelita. Israel exerce um controlo sobre esta empresa através de uma "carta de ouro" e utiliza-a para impedir a venda da empresa a estrangeiros. A empresa Zim tem por missão participar na manutenção do abastecimento de Israel durante os períodos de conflitos militares prolongados. A repercussão e o impacto económico sobre a Zim estão ainda por calcular, mas são certamente devastadores.
As entregas foram adiadas e não entregues durante meses. Os trabalhadores da ILWU honraram os nossos piquetes e mostraram-se solidários contra a cumplicidade americana no apartheid israelita. A Zim ficou perturbada e confrontada a manifestações antissionistas em Seattle, Tacoma, Los Angeles, Vancouver, Nova Orleans, Nova York e Tampa. Esses portos espalhados pela América do Norte mostraram que Israel já não pode fazer negócios como habitualmente, porque o sionismo não é simplesmente bem vindo nas nossas costas.
As manobras de Zim
O Zim Pekin, que devia ter chegado a Oakland na manhã do sábado 25 de Outubro 2014, mudou de direcção pouco depois de ter alcançado a costa noroeste do México na quarta-feira 22 de Outubro, e dirigiu-se mais a noroeste. Várias fontes, incluindo o próprio calendário de bordo da Zim, mas também os portos e as autoridades portuárias confirmaram que o destino inicial do Zim Pekin era Oakland, mas que ele mudou o seu itinerário para evitar uma nova derrota humilhante. Num artigo publicado em 26/10, intitulado "O Zim Pekin evita Oakland", o jornal local relatou que o "navio devia ter chamado no sábado, mas adiou o seu apelo para domingo. Os relatórios de Oakland sugerem que a Zim decidiu anular o apelo. A Zim foi atingida por manifestações em Oakland em Agosto e Setembro, perturbando os seus apelos".
Seguimos igualmente o navio por satélite utilizando um serviço online de acompanhamento de marinha e documentámos que o navio fixou o seu destino como Oakland alguns minutos depois de ter deixado o Canal do Panamá como é a regra para os navios Zim na linha Ásia-Pacífico, que páram ou em Los Angeles ou em Oakland antes de partir para a China e a Rússia. Depois de alguns dias da sua viagem de 9 dias a partir do Canal, a Zim mudou no entanto bruscamente de direcção e bifurcou para noroeste, afastando-se assim definitivamente de Oalkland.
Face à repressão mundial
É claro que o Zim Pekin desviou o seu percurso em resposta à forte contestação de "Block the Boat". Em Agosto, o movimento tinha organizado e inspirado uma série de piquetes históricos de dia e de noite que, com o apoio dos trabalhadores da ILWU, impediram o descarregamento do Zim Pireu durante 4 dias e finalmente obrigou o navio a largar antes mesmo que a sua carga fosse descarregada. Em Setembro, a Zim enfrentou um outro conjunto de piquetes de greve que forçou o Zim Shangai a descarregar em Los Angeles em vez de o fazer no seu destino previsto Oakland. A coligação de "Block the Boat" com a comunidade mais vaste de Bay Area fez claramente saber que podemos determinar o que se passa nas nossas cidades. E que os negócios com o Estado sionista racista de apartheid, Israel, que trabalha lado a lado com a polícia local e federal para reprimir as nossas comunidades, não serão facilitadas.
Os militantes ficaram concentrados ao longo das manobras e das fintas do Zim. Organizaram um piquete de greve com um grande número de participantes sempre que o Zim Pekin chegava num sábado, num domingo ou em qualquer dia da semana. Tendo em conta as manobras em zigue-zague do Zim em Agosto, durante as quais ele tinha primeiro deixado o porto depois de um comunicado do consulado à imprensa israelita, para voltar a outro terminal menos de uma hora mais tarde, os organizadores conhecem agora essas estratégias e armam-se de paciência. Depois de ter seguido o Zim Pekin durante vários dias, "Block the Boat" preparou-se para uma semana de possíveis piquetes, organizando uma grande marcha de participantes no domingo em direcção ao porto de Oakland para mostrar a força e a orientação desse movimento. Era um aviso para que o Zim continuasse o seu caminho no momento em que ele atingia as 1000 milhas de Oakland e uma promessa de que as portas estariam de novo fechadas pelos grevistas antissionistas se ele voltasse.
Enquanto o Zim Pekin navega para além do horizonte, traz ainda a indicação do destino de Oakland, embora esteja há mais de 1200 milhas da baía de San Francisco no momento desta declaração. Os nossos esforços tiveram os seus frutos; o Zim Pekin não parece estar por perto. Mesmo se ele fizesse marcha atrás e decidisse voltar a Oakland, nesta fase já seria uma semana de atraso e ele voltaria a encontrar-nos prontos para pará-lo no porto.
Vitória BDS
Declaramos uma vitória histórica no nosso esforço para bloquear o Zim Pekin. É muito provável que o Zim ficará completamente desencorajado de uma futura tentativa no porto de Oakland. Só o tempo dirá se as mudanças do Zim no seu calendário levarão a uma nova organização do itinerário dos seus navios ou simplesmente a uma nova astúcia para enganar os adversários do apartheid israelita. Evidentemente, aqui em Oakland, estamos prontos para o regresso do Zim em qualquer momento. Juntos, com os nossos irmãos e irmãs, de Ferguson à Palestina, lutamos pelo fim do Estado de violência e de apartheid e estamos prontos para desmontá-lo tijolo a tijolo, muro a muro, porto a porto."