O Comité de Solidariedade com a Palestina escreve-lhe para pedir-lhe que cancele o seu concerto em Ashdodno dia 8 de junho, respondendo assim ao apelo da maioria da sociedade civil palestiniana e do mundo das artes para o boicote cultural a Israel até que este Estado respeite os direitos do povo palestiniano e o direito internacional.
Ao responder a este apelo, juntar-se-á ao crescente número de cantores e músicos que nos últimos anos têm recusado convites ou cancelado concertos que os associam à política de ocupação israelita, tais como Elvis Costello, Lauryn Hill, Gill Scott-Heron, Roger Waters, Pete Seeger Sting, Bono, Snoop Dog, Jean Luc Godard, Joan Manuel Serrat, Faithless, Gill Scott-Heron, Pixies, Gorillaz, Dulce Pontes, Sara Tavares, Sound System e muitos outros.
Assim como outras iniciativas culturais, o Estado de Israel usa o Festival Mediterrâneo de Ashdod para transmitir ao mundo a imagem de um Estado normal, progressista, tentando assim legitimar a sua presença no seio da comunidade internacional de artistas e intelectuais, não obstante prosseguir obstinadamente com a limpeza étnica, a discriminação e a negação do direito dos palestinianos à autodeterminação.
Pedimos-lhe que negue este protagonismo ao Estado de Israel, até que este reconheça aos palestinianos o seu direito à liberdade, à igualdade e à justiça. Apelamos a que reflicta sobre as implicações éticas de aceitar esta prova de reconhecimento dum Estado colonial de apartheid e que, em consequência, cancele a sua participação no Festival.
Enquanto lhe escrevemos, Israel continua a construção de colonatos ilegais exclusivamente judeus em Jerusalém e em toda a terra palestiniana ocupada, à custa da confiscação de terras palestinianas e da destruição de cada vez mais casas, prosseguindo a instalação de infraestruturas de separação como estradas, bloqueios e o infame muro do apartheid, declarado ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça da Haia em 2004. Também os imigrantes africanos a viver em Israel têm sido alvo de uma perseguição racista feroz e não raras vezes assassina.
Acreditamos que nem a violência colonial sobre um povo ocupado nem a violência racista sobre os trabalhadores que emigram a deixem indiferente.
Perante o permanente desprezo de Israel pelo direito internacional e os direitos mais básicos do povo palestiniano, o tipo de solidariedade que esperamos de pessoas de consciência pelo mundo fora é o de responderem ao apelo de Boicote-Desinvestimento-Sanções contra Israel e as suas instituições cúmplices, feito por dezenas de organizações palestinianas em 2005, tal como fizeram artistas e escritores durante a luta contra o apartheid sul-africano.
O Comité de Solidariedade com a Palestina escreve-lhe para pedir-lhe que cancele o seu concerto em Jerusalémno dia 2 de junho, respondendo assim ao apelo da maioria da sociedade civil palestiniana e do mundo das artes para o boicote cultural a Israel até que este Estado respeite os direitos do povo palestiniano e o direito internacional.
Ao responder a este apelo, juntar-se-á ao crescente número de cantores e músicos que nos últimos anos têm recusado convites ou cancelado concertos que os associam à política de ocupação israelita, tais como Elvis Costello, Lauryn Hill, Gill Scott-Heron, Roger Waters, Pete Seeger Sting, Bono, Snoop Dog, Jean Luc Godard, Joan Manuel Serrat, Faithless, Gill Scott-Heron, Pixies, Gorillaz, Dulce Pontes, Sara Tavares, Sound System e muitos outros.
Estado de Israel usa as iniciativas culturais como aquela onde vai actuar para transmitir ao mundo a imagem de um Estado normal, progressista, tentando assim legitimar a sua presenças e músicos que nos últimos anos têm recusado convites ou cancelado concertos que os associam à política de ocupação israelita, tais como Elvis Costello, Lauryn Hill, Gill Scott-Heron, Roger Waters, Pete Seeger Sting, Bono, Snoop Dog, Jean Luc Godard, Joan Manuel Serrat, Faithless, Gill Scott-Heron, Pixies, Gorillaz, Dulce Pontes, Sara Tavares, Sound System e muitos ou no seio da comunidade internacional de artistas e intelectuais, não obstante prosseguir obstinadamente com a limpeza étnica, a discriminação e a negação do direito dos palestinianos à autodeterminação.
Pedimos-lhe que negue este protagonismo ao Estado de Israel, até que este reconheça aos palestinianos o seu direito à liberdade, à igualdade e à justiça. Apelamos a que reflicta sobre as implicações éticas de aceitar esta prova de reconhecimento dum Estado colonial de apartheid e que, em consequência, cancele a sua participação em Jerusalém.
Em 2009, a polícia israelita atacou o Teatro Nacional Palestiniano e cancelou a abertura do Festival Palestiniano de Literatura. O Freedom Theatre foi destruído vezes sem conta e, em Julho de 2009, o seu director artístico, Nabil AlRaee, foi detido em sua casa a meio da noite. Estes são apenas alguns exemplos de como Israel impede os palestinianos sob ocupação de celebrar a sua cultura. Artistas palestinianos são muitas vezes impedidos de viajar para fora dos territórios onde vivem. Os seus fãs palestinianos serão impedidos de assistir ao seu espectáculo, caso o mantenha.
Enquanto lhe escrevemos, Israel continua a construção de colonatos ilegais exclusivamente judeus em Jerusalém e em toda a terra palestiniana ocupada, à custa da confiscação de terras palestinianas e da destruição de cada vez mais casas, prosseguindo a instalação de infraestruturas de separação como estradas, bloqueios e o infame muro do apartheid, declarado ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça da Haia em 2004. Também os imigrantes africanos a viver em Israel têm sido alvo de uma perseguição racista feroz e não raras vezes assassina.
Acreditamos que nem a violência colonial sobre um povo ocupado nem a violência racista sobre os trabalhadores que emigram a deixem indiferente.
Perante o permanente desprezo de Israel pelo direito internacional e os direitos mais básicos do povo palestiniano, o tipo de solidariedade que esperamos de pessoas de consciência pelo mundo fora é o de responderem ao apelo de Boicote-Desinvestimento-Sanções contra Israel e as suas instituições cúmplices, feito por dezenas de organizações palestinianas em 2005, tal como fizeram artistas e escritores durante a luta contra o apartheid sul-africano.
Todos os anos, a 15 de maio, se comemora a Nakba, a catástrofe que se abateu sobre o povo palestiniano quando foi criado o Estado de Israel nas suas terras. Miko Peled, escritor israelita, defensor da BDS, escreveu neste dia o artigo que traduzimos a seguir.
Texto original em: http://ahtribune.com/history/904-nakba-day.html
Reflexões sobre o Dia da Nakba: 68 anos de violação e pilhagem sionista na Palestina
Sessenta e oito anos depois da ocupação da Palestina as pessoas começam a referir-se à violação e à pilhagem sionistas da Palestina como um “conflito”. É o “conflito israelo-palestiniano” ou a “questão” israelo-palestiniana; alguns até lhe chamam de “disputa” e outros de “problema”. O meu amigo Dr. Mads Gilbert disse-me recentemente que se alguém na Noruega se referisse à ocupação alemã da Noruega como um “conflito” ou “disputa”, seria expulso da sala. Espero que isso se torne verdade em França ou na Bélgica e até na ilha de Jersey. Ninguém se referirá à ocupação alemã, para não mencionar as políticas alemãs para com os judeus sob o regime nazi, como um conflito. No entanto, ao falarem da Palestina ocupada, onde a limpeza étnica e o genocídio têm sido realidade desde há 68 anos, as pessoas muitas vezes abstêm-se de usar o termo ocupação – sobretudo relativamente a 1948, quando a parte do leão da Palestina foi ocupada.
Há duas coisas que não estamos autorizados a dizer sobre a Nakba palestiniana. Duas coisas que a sociedade ocidental “civilizada” acha pouco educadas. A primeira é comparar ou simplesmente justapor a experiência judaica sob o regime nazi à experiência palestiniana sob o regime sionista. A segunda é afirmar que a experiência palestiniana é um genocídio lento e metódico. Portanto, vou já pedir desculpa por quebrar as regras da sociedade civilizada e vou tratar já aqui destas duas questões. Os judeus da Alemanha e das partes da Europa que foram ocupadas pela Alemanha sofreram com as políticas nazis de racismo e extermínio físico desde o momento em que Hitler chegou ao poder em 1933 até à derrota da Alemanha em 1945. Os palestinianos têm vivido sob as políticas sionistas de apartheid, limpeza étnica e lento genocídio desde 1948 e não se vê um fim à vista. É verdade que o plano nazi de exterminar os judeus era rápido, violento e muito eficaz, e felizmente os nazis foram derrotados e o genocídio terminou. Também é verdade que as políticas sionistas não reflectem as da Alemanha nazi e a matança dos palestinianos não tem sido tão horrenda. Ao mesmo tempo, as famílias de Gaza que perderam os seus entes queridos em bombardeamentos israelitas indiscriminados, e milhões de refugiados palestinianos que estão aprisionados em campos devem achar essas diferenças irrelevantes.
Caso haja alguma dúvida de que o que o regime sionista na Palestina, isto é, Israel, está a fazer é genocídio, o artigo 2º da Convenção das Nações Unidas sobre genocídio pode clarificar as coisas. Ele define o genocídio como um dos seguintes actos cometidos com a intenção de destruir, totalmente ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. O artigo 3º estabelece quem pode ser punido pelo crime de genocídio.
Artigo IIº: Na presente Convenção, genocídio significa qualquer dos actos cometidos com intenção de destruir, totalmente ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tal como: (a) matar membros do grupo; (b) causar danos graves físicos ou mentais a membros do grupo; (c) infligir deliberadamente ao grupo condições de vida calculadas para levar à sua destruição física totalmente ou em parte; (d) impor medidas com a intenção de evitar nascimentos dentro do grupo; (e) transferir pela força crianças de um grupo para outro.
Artigo IIIº: Os seguintes actos serão punidos: (a) genocídio; (b) conspiração para cometer genocídio; (c) incitamento directo e público para cometer genocídio; (d) tentativa de cometer genocídio; (e) cumplicidade em genocídio.
Durante os últimos sessenta e oito anos, Israel tornou a sua intenção mais que evidente através das suas acções em relação aos palestinianos, e três dos actos do Artigo 2º e todos os do Artigo 3º se aplicam a Israel. Na realidade, tudo o que no artigo 3º se refere à Palestina também se aplica aos EUA, Reino Unido, França, Alemanha e vários outros países europeus.
A saga “Tempos de Cavalos Brancos”, de Ibrahim Nasrallah, que conta as histórias de uma Palestina que já não existe, e as obras de Walid Khalidi e Salman Abu Sitta que recorda as cidades, vilas e aldeias que foram destruídas ainda vivem nos corações dos palestinianos em todo o mundo, e permitem-nos apreciar o que lá existia antes da invasão sionista. Não era uma terra sem povo, não era um deserto feito para ser desabrochado por judeus, mas sim um país de uma diversidade rica, que foi um lar para uma nação viva e próspera feita de agricultores e intelectuais, escritores e políticos, negociantes e construtores.
Este ano, a comunidade palestiniana realizou eventos do dia da Nakba e manifestações em todo o país, comemorando a Nakba nas localidades onde foram destruídas aldeias em 1948. Os palestinianos levavam bandeiras da Palestina, o que, dentro das fronteiras de 1948, é algo de notável. E num caso, em Eljalil, a bandeira de Israel foi arrancada numa esquadra de pFoto do massacre de Deir Yassim, em 1948, onde foram assassinados 200 palestinianosolícia e a bandeira palestiniana foi colocada no seu lugar. Milhares de pessoas assistiram a um evento no Negev, onde a aldeia de Wadi Zubala existiu até 1948. Os moradores de Wadi Zubala foram para as colinas do sul de Hebron na Cisjordânia, que nesse tempo estava fora da jurisdição israelita. Lá, eles compraram terras e estabeleceram-se em Um Hiran onde vivem desde então. Agora, colonos judeus tomaram as suas terras em Um Hiran, forçando-os a sair das suas terras pela segunda vez.
“O velho morrerá e o jovem esquecerá”, é o que os dirigentes sionistas dizem uns aos outros. Mas isto é apenas uma fantasia. Os velhos morrem, infelizmente é como anda o mundo, mas os jovens palestinianos recordam. Não há muito tempo, assisti a uma conferência sobre a Palestina em Chicago. Como é frequente no caso de conferências às quais muçulmanos e árabes assistem, havia muitas, muitas crianças pequenas presentes. É uma das alegrias de participar em tais conferências. Durante uma pausa, alguns amigos e eu sentámo-nos na sala do hotel e olhámos as crianças a brincar. Quando perguntámos a essas crianças, que tinham todas nascido nos Estados Unidos e muitas das quais tinham pais nascidos nos Estados Unidos, de onde é que elas eram, as respostas surgiram depressa e sem hesitação. Entre as suas respostas estavam Yaffa, Haifa, Isdud, Akka, Yibne, etc. Tanto para esquecer.
O meu amigo Nader Elbanna diz sempre, “A Nakba é muito mais do que perder a terra e a casa”. Fadwa, a minha cara metade, coloca a questão da Nakba em termos muito crus: “Eu quero o meu país de volta, e quero que o meu pai tenha a sua dignidade de volta antes que ele morra. E depois de tudo o que eles nos fizeram e continuam a fazer-nos, os judeus nunca serão bem-vindos aqui." O pai dela tem 85 anos, é um estudioso e um educador. "Por ele se ter recusado a trabalhar com o Yahud, não pôde trabalhar de todo", disse-me ela. Ele recusou-se a colaborar com a polícia secreta israelita, a Shabbak, e então, com 40 anos, perdeu o emprego como director de escola e nunca mais conseguiu outro emprego. Para além do genocídio, da limpeza étnica e da morte e destruição, para além da humilhação e dos anos de sofrimento que nenhuma indemnização ou restituição poderá alguma vez compensar, há um aspecto profundamente pessoal na Nakba. Todo o palestiniano foi tocado por isto e cada um tem uma história pessoal, comovente. E ainda há um fio comum entre as inúmeras histórias: não existe nenhuma disputa, nenhum conflito, apenas um povo que muito simplesmente quer o seu país de volta.
Foi no passado mês de fevereiro que começou esta ofensiva da direita contra os responsáveis militares. O chefe do Estado-Maior, general Eizenkot, tinha então explicado a alunos do secundário: “Não podemos agir segundo slogans do tipo: Se alguém quer matá-lo, mate-o primeiro. Eu não quero que um soldado descarregue a sua metralhadora sobre uma rapariga de treze anos que o ameaça com uma tesoura”. Vários deputados e ministros reagiram vivamente, qualificando as palavras de Eizenkot de verdadeira “heresia”. “Um militar ameaçado, diziam alguns, deve poder atirar sem hesitar sobre o seu agressor”. As coisas agravaram-se ainda mais com o caso do soldado de Hebron que, no dia 24 de março, executou um assaltante palestiniano, estendido no chão depois de ter ferido um militar com uma faca. A decisão de deter o soldado e de o levar a um tribunal de guerra foi condenada por uma vasta maioria da opinião pública israelita.
Para o professor Yagil Levy, especialista em sociologia política, o chefe do Estado-maior e o seu adjunto decidiram reagir perante o estado de espírito que infiltra cada vez mais o exército, e “que faz com que as regras sobre a abertura de fogo não sejam respeitadas; que haja fenómenos de recusa, ou mesmo de insubordinação entre os soldados. Constata-se manifestações de racismo nas redes sociais em que participam os soldados. Por fim, há as críticas contra o exército que se expressam no seio mesmo das suas fileiras. Isso ocorre sobretudo nas unidades que operam na Cisjordânia juntamente com os colonos e onde se observa um nacionalismo particularmente forte. Tudo isso preocupa portanto o alto comando”. Na opinião de Yagil Levy, é esse estado das coisas que levou o chefe do Estado-Maior adjunto, o general Golan, a expressar-se, criticando não o exército mas a própria sociedade.
O perigo de ver o Tsahal [exército israelita] transformar-se em milícia
De facto, Or Heller, especialista dos assuntos militares da cadeia israelita 10, constata que “o fosso aumenta cada vez mais entre o público e o alto comando do exército. Até aqui, o Tsahal era a instituição mais popular no país. Hoje, o risco é o seguinte: o de que os soldados obedeçam a uma outra autoridade que não a dos chefes militares... A que provém dos websites, das redes sociais ou de homens políticos”. Moshé Yaalon, o ministro da Defesa, que apoia os seus generais a todo o custo perante o governo, considera que, nestas condições, há um perigo: o de ver o Tsahal transformar-se numa milícia...
Por agora, no plano político, a controversa está longe de se alargar. Yossi Verter, o editorialista do diário de esquerda Haaretz, escreve na segunda-feira de manhã: “Quando um general não canta ao ritmo da propaganda governamental, ele é suspeito de ser uma toupeira e constitui um alvo a abater. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahou não hesita em desfazer-se do que lhe resta da sua estatura de homem de Estado para dar o golpe de misericórdia ao chefe do Estado-maior adjunto”. Não é só isso, a mãe do general interveio no debate, tomando a defesa do filho. Ela recorda que o seu marido, pai de Yair, é um judeu alemão que escapou à Gestapo. “Então não podemos acusá-la de prejudicar a Shoah, como afirma o primeiro-ministro”. A senhora indignada justifica todos os propósitos do filho. Um ambiente longe de estar amenizado, a poucas 48 horas do Dia da Lembrança para os soldados e civis caídos nas guerras de Israel.
Traduzido do artigo de Le Point, de 9 de maio de 2016:
Israel recusou oficialmente a renovação do documento de viajem de Omar Barghouti, co-fundador do movimento Boicote, Desinvestimento, Sanções (BDS), o que se traduz numa interdição de viajar e numa escalada dos seus ataques aos defensores dos direitos humanos dos palestinianos que defendem de maneira não violenta os direitos dos palestinianos ao abrigo da lei internacional.
Barghouti, que vive com a sua família em Acre, tem residência permanente em Israel e necessita de um documento de viajem israelita para viajar para dentro e para fora da Palestina/Israel. A sua reacção imediata foi: “Estou nervoso mas sem dúvida determinado por essas ameaças. Nada me fará parar de lutar pela liberdade, justiça e paz do meu povo”.
A decisão de Israel de não renovar o documento de viagem com pretextos burocráticos sem fundamento está a ser vista por peritos dos direitos humanos como o primeiro passo para revogar a residência permanente de Barghouti.
O ministro israelita do Interior Aryeh Deri já tinha ameaçado nesse sentido, numa recente conferência anti-BDS realizada em Jerusalém, quando revelou que estava "inclinado a cumprir" um pedido que tinha recebido de um membro de extrema-direita do parlamento israelita para revogar a residência permanente de Barghouti.
A interdição de viajar vem na sequência de um incitamento ligeiramente velado de violência física contra Barghouti e activistas BDS pelo ministro israelita da Informação Yisrael Katz e do ministro dos Assuntos Estratégicos Gilad Erdan. Katz apelou Israel a envolver-se em “eliminações civis seleccionadas” de dirigentes da BDS, enquanto que Erdan descreveu os activistas e dirigentes BDS como ameaças e apelou a que eles “pagassem o preço “ pelo seu trabalho, continuando com uma clarificação de que ele não entendia com isso “danos físicos”. Defendendo “campanhas para responsabilizar Israel pelas violações dos direitos humanos e outras leis internacionais, Amnesty International expressou a sua preocupaçãopela “segurança e liberdade do defensor de direitos humanos palestiniano Omar Barghouti” no seguimento dessas ameaças, “incluindo danos físicos e privação de direitos básicos”.
Como voluntário dirigente do movimento BDS, Barghouti faz viagens internacionais regulares com o fim de consciencializar sobre as violações dos direitos humanos dos palestinianos por Israel, e de apresentar a BDS como uma estratégia eficaz para acabar com o regime de ocupação e apartheid de Israel. Com origem numa longa herança de resistência popular palestiniana, a BDS também é inspirada no movimento de boicote global que ajudou a pôr termo ao regime de apartheid da África do Sul e no movimento de direitos cívicos dos Estados Unidos.
OConcelho Palestiniano de Organizações de Direitos Humanosafirmou recentemente “o direito de todos os indivíduosa participar em acções de boicote, desinvestimento e sanções e a defendê-las”, exortando Estados e empresas a “cumprirem as suas responsabilidades legais”.
Mahmoud Nawajaa, coordenador geral do Comité Nacional de BDS palestiniano (BNC), a mais alargada coligação na sociedade civil palestiniana que dirige o movimento global de BDS, disse:
“Ao ter fracassado em travar o crescimento da BDS, Israel está agora a lançar uma desesperada e perigosa guerra de repressão contra o movimento. Depois de perder muitas batalhas pelos corações e mentes a nível das bases, Israel e os seus grupos de lobby bem oleados estão a pressionar os Estados ocidentais para que implementem medidas anti-democráticas que ameaçam gravemente as liberdades cívicas”.
“Ao proibir o nosso colega Omar Barghouti de viajar e ao ameaçá-lo de violência física, Israel está a mostrar até onde irá para poder parar o alargamento do movimento não-violento de BDS pela liberdade, justiça e igualdade na Palestina”.
O movimento internacional de BDS tem por objectivo pressionar Israel, como pressionou o apartheid sul-africano, a respeitar a lei internacional. Ele atraiu o apoio de importantes sindicatos, igrejas e partidos políticos em todo o mundo e obrigou grandes empresas, entre as quais Veolia e Orange, a pôr termo ao seu envolvimento nas violações dos direitos humanos por Israel.
Artistas eminentes como Lauryn Hill e Roger Waters recusaram actuar em Telavive; várias associações académicas nos Estados Unidos e milhares de académicos na Europa, África do Sul, América do Norte e América Latina subscreveram um boicote abrangente às universidades israelitas. Os autores de um recente relatório da ONU disseram que a quebra de 46% no investimento directoem Israel em 2014 foi parcialmente devida ao impacto da BDS.
A pedido de Israel, governos do Reino Unido, França, Canadá e governos estaduais nos EUA estão a introduzir legislação anti-BDS e a tomar outras medidas anti-democráticas para reprimir o activismo BDS. Em França, um activista foi detido simplesmente por vestir uma t-shirt BDS.
Israel também está a usar os seus serviços de segurança para espiar activistas BDS pelo mundo, como é repetidamente relatado na comunicação social e pela Associated Press. É provável que esta espionagem envolva vigilância das comunicações dos cidadãos em violação das leis nacionais.
O jornalista e advogado constitucional Glenn Greenwald, conhecido por ter quebrado a tradição de vigilância da NSA, descreveuestas séries bem orquestradas de medidas draconianas contra o movimento BDS como “a maior ameaça à liberdade de expressão no ocidente”.
Mahmoud Nawajaa acrescentou:
“Os governos ocidentais que estão a reprimir o activismo BDS nos seus países estão a dar uma luz verde a Israel para que continue com as suas violações do direito internacional na impunidade. Exortamos os governos, parlamentos e organizações de direitos humanos a acompanharem o apelo da Amnistia Internacional e a sustentarem os direitos desse activismo como defensor de direitos humanos ameaçados”.
Declarações do ex-presidente trabalhista da câmara de Londres reproduzidas no The Times of Israel, de 5 de maio 2016
“A criação do Estado de Israel foi profundamente errada, porque aí havia uma comunidade palestiniana desde há dois mil anos”, disse Livingstone a uma estação de televisão em língua árabe baseada em Londres, numa entrevista postada e traduzidapelo grupo MEMRI.
“A criação do Estado de Israel foi uma grande catástrofe”, repetiu. “Devíamos ter integrado os refugiados judeus do pós-II Guerra Mundial na Grã Bretanha e na América. Eles poderiam todos ter sido reinstalados, considerando que 70 anos mais tarde, a situação ainda está muito tensa e há um potencial para muitas mais guerras, um potencial para uma guerra nuclear”, disse Livingstone à Al-Ghad Al-Arabi.
Ele também defendeu um boicote internacional aos produtos israelitas, dizendo ao seu entrevistador que "nunca compro nada" que venha de Israel. "Eu gosto de tâmaras, mas não compro tâmaras que venham de Israel," disse ele.
O ex-presidente da câmara foi suspenso na semana passada pelo Partido Trabalhista por por dizer que Hitler apoiou o sionismo "antes de ficar louco e acabar por matar 6 milhões de judeus." Recusou-se a pedir desculpas pelos comentários e ainda alegou que as observações anteriores do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sobre a relação entre o grande mufti de Jerusalém e Hitler reforçavam o seu argumento.
Livingstone repetiu as suas declarações sobre Hitler e o sionismo na quarta-feira, dizendo que "quando Hitler ganhou as eleições em 1932 e chegou ao poder, a sua política não era direccionada para matar os judeus. Ele queria deportar todos os sionistas para Israel [sic]." O Estado de Israel foi criado em 1948, três anos após o fim do Holocausto.
Livingstone também atribuiu à criação de Israel a expulsão em massa de judeus no mundo árabe.
Antes da criação do Estado judeu, disse ele, "havia grandes comunidades judaicas que nunca tinham sofrido ameaças ou ataques. Elas viviam em paz ao lado dos seus vizinhos árabes. Mas tudo isso foi destruído com o estabelecimento do Estado de Israel, e todos as comunidades israelitas [sic] no mundo árabe foram deportadas para Israel."
Este veterano político também culpou o permanente conflito de Israel com os palestinianos pelo terrorismo global, incluindo os recentes ataques brutais do Estado islâmico em Paris e Bruxelas.
"Sempre acreditei que o fracasso em resolver o problema [palestiniano] alimentava os ataques terroristas," disse ele. "O que faz um rapaz de 15 ou 16 anos ir lutar com o ISIS ou realizar os ataques bárbaros que vimos em Paris ou Bruxelas? Eles não o fazem porque gostam de matar, mas porque acreditam que são vítimas de injustiça. O Ocidente tem de lidar com a injustiça, ou continuará a alimentar o terrorismo."