Ken Livingstone: A criação de Israel foi “uma grande catástrofe”
Declarações do ex-presidente trabalhista da câmara de Londres reproduzidas no The Times of Israel, de 5 de maio 2016
“A criação do Estado de Israel foi profundamente errada, porque aí havia uma comunidade palestiniana desde há dois mil anos”, disse Livingstone a uma estação de televisão em língua árabe baseada em Londres, numa entrevista postada e traduzida pelo grupo MEMRI.
“A criação do Estado de Israel foi uma grande catástrofe”, repetiu. “Devíamos ter integrado os refugiados judeus do pós-II Guerra Mundial na Grã Bretanha e na América. Eles poderiam todos ter sido reinstalados, considerando que 70 anos mais tarde, a situação ainda está muito tensa e há um potencial para muitas mais guerras, um potencial para uma guerra nuclear”, disse Livingstone à Al-Ghad Al-Arabi.
Ele também defendeu um boicote internacional aos produtos israelitas, dizendo ao seu entrevistador que "nunca compro nada" que venha de Israel. "Eu gosto de tâmaras, mas não compro tâmaras que venham de Israel," disse ele.
O ex-presidente da câmara foi suspenso na semana passada pelo Partido Trabalhista por por dizer que Hitler apoiou o sionismo "antes de ficar louco e acabar por matar 6 milhões de judeus." Recusou-se a pedir desculpas pelos comentários e ainda alegou que as observações anteriores do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sobre a relação entre o grande mufti de Jerusalém e Hitler reforçavam o seu argumento.
Livingstone repetiu as suas declarações sobre Hitler e o sionismo na quarta-feira, dizendo que "quando Hitler ganhou as eleições em 1932 e chegou ao poder, a sua política não era direccionada para matar os judeus. Ele queria deportar todos os sionistas para Israel [sic]." O Estado de Israel foi criado em 1948, três anos após o fim do Holocausto.
Livingstone também atribuiu à criação de Israel a expulsão em massa de judeus no mundo árabe.
Antes da criação do Estado judeu, disse ele, "havia grandes comunidades judaicas que nunca tinham sofrido ameaças ou ataques. Elas viviam em paz ao lado dos seus vizinhos árabes. Mas tudo isso foi destruído com o estabelecimento do Estado de Israel, e todos as comunidades israelitas [sic] no mundo árabe foram deportadas para Israel."
Este veterano político também culpou o permanente conflito de Israel com os palestinianos pelo terrorismo global, incluindo os recentes ataques brutais do Estado islâmico em Paris e Bruxelas.
"Sempre acreditei que o fracasso em resolver o problema [palestiniano] alimentava os ataques terroristas," disse ele. "O que faz um rapaz de 15 ou 16 anos ir lutar com o ISIS ou realizar os ataques bárbaros que vimos em Paris ou Bruxelas? Eles não o fazem porque gostam de matar, mas porque acreditam que são vítimas de injustiça. O Ocidente tem de lidar com a injustiça, ou continuará a alimentar o terrorismo."