Artistas eminentes da Europa e fora da Europa apelam ao boicote da Eurovisão caso seja organizada por Israel
Numa carta aberta publicada na sexta-feira 7 no jornal The Guardian, quase duas centenas de artistas escrevem: “Até que os palestinianos possam gozar de liberdade, justiça e direitos iguais para todos, não deverá existir business-as-usual com o Estado que lhes nega os direitos mais básicos.” [https://www.theguardian.com/tv-and-radio/2018/sep/07/boycott-eurovision-song-contest-hosted-by-israel]
Brian Eno, The Knife, Wolf Alice, e finalistas da Eurovisão, incluindo o vencedor de 1994, estão entre os artistas que apoiam o apelo palestiniano ao boicote da Eurovisão, caso ela seja organizada por Israel.
Em Portugal, já subscreveram a carta: José Mário Branco, músico e compositor - Francisco Fanhais, cantor - Tiago Rodrigues, director artístico do Teatro Nacional D. Maria - Patrícia Portela, escritora, artista de teatro - Chullage, músico - António Pedro Vasconcelos, realizador - José Luís Peixoto, escritor.
Espera-se que Israel seja o anfitrião do Festival da Canção Eurovisão em Maio de 2019, no seguimento do êxito de Netta Barzilai na edição de 2018, o que levou a vários apelos para o boicote do festival. [https://bdsmovement.net/boycott-eurovision-2019]
Charlie McGettigan, vencedor irlandês da Eurovisão 1994, Kaija Kärkinen (1991) e Kyösti Laihi (1988), vencedores finlandeses da Eurovisão 1991 e 1988 respectivamente, o actor, cantor e dramaturgo italiano Moni Ovadia, e o director artístico do Teatro Nacional D. Maria, Tiago Rodrigues, também são subscritores da carta, onde declaram: “a Eurovisão 2019 deve ser boicotada caso seja organizada por Israel, enquanto continuar a sua grave e duradoura violação dos direitos humanos dos palestinianos.”
Em junho, organizações culturais palestinianas chamaram ao boicote da Eurovisão 2019, sublinhando que: "o regime israelita de ocupação militar, colonialismo e apartheid está descaradamente a usar a Eurovisão como parte da sua estratégia oficial Brand Israel, que tenta mostrar "a face mais bonita de Israel" para branquear e desviar a atenção dos seus crimes de guerra contra os palestinianos.” [https://bdsmovement.net/news/palestinian-artists-and-broadcast-journalists-boycott-eurovision-2019]
Nick Seymour, do grupo australiano Crowded House, o coreógrafo e director de teatro Alain Platel e o actor dinamarquês Jesper Christensen juntaram-se ao escritor Yann Martel, ao compositor catalão Lluís Llach, ao coro esloveno ŽPZ Kombinat e ao actor americano Alia Shawkat ao subscreverem a carta. Olof Dreijer e Karin Dreijer, que fizeram parte do duo sueco The Knife, também juntaram os seus nomes ao apelo, que diz: "Em 14 de maio, dias após Israel ter ganhado o Eurovisão, o exército israelita matou 62 palestinianos desarmados que protestavam em Gaza, incluíndo seis crianças, e feriu centenas de outros, a maior parte com munições de combate. Amnesty International condenou a política de Israel de atirar-a-matar e a Human Rights Watch descreveu as mortes como “ilegais e calculadas”.
A carta, que também é subscrita pelos realizadores Alain Guiraudie, premiado como melhor realizador em Cannes 2013, Ken Loach, Mike Leigh, Eyal Sivan e Aki Kaurismäki, os finalistas da selecção nacional islandesa da Eurovisão 2017, Daði Freyr e Hildur Kristín Stefánsdóttir, e o músico norueguês Moddi conclui: “Entendemos que a União Europeia de Radiodifusão peça a Israel que encontre um local “não-polémico” para o Eurovisão 2019. Mas deveria cancelar totalmente a organização do festival em Israel e mudá-la para outro país com melhor histórico de direitos humanos. A injustiça divide, enquanto que a busca de dignidade e direitos humanos une.”
A declaração dos artistas continuará a recolher assinaturas nos próximos meses.
Contacto da campanha em Portugal: comitepalestina@bdsportugal.org