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SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA

Informação sobre a ocupação israelita, a resistência palestiniana e a solidariedade internacional *** email: comitepalestina@bdsportugal.org

SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA

Informação sobre a ocupação israelita, a resistência palestiniana e a solidariedade internacional *** email: comitepalestina@bdsportugal.org

Sociedade civil portuguesa pede a Conan Osiris que boicote a Eurovisão em Israel

O Comité de Solidariedade com a Palestina, o SOS Racismo e as Panteras Rosa (Frente de Combate à LesBiGayTransFobia) apelaram a Conan Osiris - que venceu hoje a final da 53.ª edição do Festival da Canção - para que não fosse a Telavive em representação de Portugal na Eurovisão, respondendo ao apelo de artistas palestinianos para o boicote. 

 

A carta relembra que “A escassos minutos de onde terá lugar o Festival, Israel mantém um cerco ilegal a 1.8 milhão de palestinianos em Gaza, negando-lhes os direitos mais básicos.” E que “também a escassos minutos de Telavive, 2.7 milhões de palestinianos da Cisjordânia vivem aprisionados por um muro de apartheid ilegal. Israel continua a expandir a sua colonização na Cisjordânia, com o intuito de expulsar mais famílias palestinianas, entregando assim as terras e casas confiscadas a colonos israelitas”.

 

As três organizações signatárias do apelo juntam-se ao movimento internacional de BDS – Boicote, Desinvestimento, Sanções – que denuncia o uso da cultura por Israel como instrumento de propaganda para branquear a sua imagem. Pelo seu lado, este movimento usa o BDS como meio não-violento de pressionar Israel a respeitar os direitos humanos da população palestiniana. Já são uns milhares os artistas de todo o mundo que recusaram actuar em Israel enquanto aí permanecer o estado de colonização e apartheid.

 

Shahd Wadi, porta-voz do Comité de Solidariedade com a Palestina, comenta: 

“Reconhecemos que não é uma decisão fácil, de largar o glitz e glamour da Eurovisão, mas a custo de quê? O apelo ao boicote dos artistas palestinianos, brutalizados durante décadas pelo Estado de Israel, foi seguido por centenas de artistas internacionais e portugueses, de Roger Waters aos Wolf Alice. Eles percebem que a sua arte tem o poder de ajudar a mudar a situação na Palestina, mostrando a Israel que esta ocupação tem um custo. Israel está a usar a Eurovisão para branquear a opressão do povo palestiniano. Esta é uma oportunidade para que Conan Osiris  encontre um lugar nos livros de história, juntando o seu a outros nomes ilustres nesta campanha. Estamos abertos a um diálogo.”



Texto integral do apelo:

 

Caro Conan Osiris,

 

Este ano tencionas participar no Festival da Canção da Eurovisão, que terá lugar em Telavive, Israel.

 

Enquanto activistas pelos direitos humanos e apoiantes do povo palestiniano na sua luta contra a opressão e a colonização, gostaríamos com esta carta de te informar melhor sobre o país anfitrião da final da Eurovisão e o apelo dos artistas palestinianos ao boicote do evento.

 

Israel não é um país normal. A escassos minutos de onde terá lugar o Festival, Israel mantém um cerco ilegal a 1.8 milhão de palestinianos em Gaza, negando-lhes os direitos mais básicos. As condições de vida criadas por Israel são de tal forma desesperantes que as Nações Unidas declararam Gaza “inabitável”.

 

Israel massacrou 62 palestinianos em Gaza, incluindo seis crianças, apenas dois dias depois da vitória de 2018 na Eurovisão em Lisboa. Naquela mesma noite, Netta Barzilai realizou um concerto de comemoração em Telavive e disse: "Temos um motivo para estarmos felizes".

 

Também a escassos minutos de Telavive, 2.7 milhões de palestinianos da Cisjordânia vivem aprisionados por um muro de apartheid ilegal. Israel continua a expandir a sua colonização na Cisjordânia, com o intuito de expulsar mais famílias palestinianas, entregando assim as terras e casas confiscadas a colonos israelitas.

 

Este estado de apartheid, dentro de Israel ou nos territórios ocupados, acaba de ser legitimado pela aprovação no parlamento israelita da “Lei do Estado-Nação do povo judeu”. Uma lei que declara a superioridade racial de israelitas judeus e condenada pela União Europeia, incluindo Portugal.

 

Assim como os artistas tiveram um papel histórico e decisivo na luta contra o apartheid sul-africano, recusando-se a tocar em Sun City, artistas de todo o mundo se juntaram ao boicote cultural a Israel, em resposta ao apelo palestiniano, recusando-se a branquear a imagem do país com o prestigioso Festival da Canção e eventos semelhantes.

 

Cerca de 140 artistas europeus, incluindo vários finalistas do Festival da Eurovisão e o vencedor de 1994, subscreveram o boicote ao Festival da Canção de 2019 em Israel através de uma declaração publicada no jornal The Guardian. Entre eles, o músico australiano Nick Seymour, o coreógrafo belga Alain Platel, o actor dinamarquês Jesper Christensen, o dramaturgo judeu Moni Ovadia, o compositor catalão Lluís Llach, o músico norueguês Moddi, o coro esloveno ŽPZ Kombinat, o actor norte-americano Alia Shawkat, bem como cineasta vencedores do Festival de Cannes (Alain Guiraudie, Ken Loach, Mike Leigh, Eyal Sivan e Aki Kaurismäki).

 

Em Novembro, um conjunto de figuras portuguesas apelou à RTP para não participar nesta edição do Festival. Alexandra Lucas Coelho (escritora), Joana Villaverde (artista plástica), Francisca Cortesão (cantora), João Grosso, Maria do Céu Guerra e Manuela Freitas (atores), Teresa Dias Coelho (pintora), Susana Sousa dias (cineasta), Nuno Lobito (fotógrafo), José Mário Branco (músico) e Tiago Rodrigues (diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II) são alguns dos signatários.

 

Mais recentemente, um conjunto de artistas britânicos juntou a sua voz ao crescente coro para um boicote do Festival da Canção, entre eles os Wolf Alice, a Vivienne Westwood, o Peter Gabriel e o Roger Waters dos Pink Floyd.

 

Temos consciência de que para ti a participação na Eurovisão é a realização de um sonho e o fruto de um trabalho importante. Mas pedimos que a tua participação não se faça à custa da liberdade e dos direitos humanos do povo palestiniano.

 

Caso sejas escolhido para representar Portugal no Festival da Canção, terás a oportunidade de fazer história, e de tomares uma decisão de coragem e princípio, recusando-te a ires para Israel e a ajudares a legitimar a opressão de todo um povo.

 

Se tomares essa decisão, queremos que saibas que terás não só o nosso apoio e admiração, mas também o de milhares de pessoas à volta do mundo, que apoiam este crescente movimento de liberdade, justiça e igualdade para o povo palestiniano.

 

Continua a cantar livremente, mas respeitando a dignidade e a liberdade do povo palestiniano!

 

CONAN OSIRIS, NÃO CANTES PARA O APARTHEID ISRAELITA!

 

 

Comité de Solidariedade com a Palestina

SOS Racismo

Panteras Rosa (Frente de Combate à LesBiGayTrans

Jean Wyllys, vítima e cúmplice da opressão

O antigo deputado do PSOL Jean Wyllys, que se autoexilou depois de ter sido alvo de ameaças de morte dos fascistas brasileiros, é bem vindo em Portugal para nos dar a conhecer a situação no Brasil e para mobilizar uma ampla solidariedade contra o ambiente opressivo que se vive no grande país latino-americano – contra os negros, os índios, as mulheres, os homossexuais, os opositores políticos e, em geral, contra os trabalhadores.

 

Wyllys é bem vindo em todas as conferências que tem feito e digno de ser defendido diante da escumalha fascista que tentou boicotar a sua conferência em Coimbra. A sua voz deve ser ouvida e nós devemos fazer tudo para que seja ouvida.

 

Mas a nossa solidariedade com Wyllys-vítima não implica cegueira acrítica face ao Wyllys-cúmplice. O autoexilado devia prestar atenção aos milhões de exilados palestinianos, que permanecem expulsos das suas terras, muitos deles há mais de 70 anos, quando ainda eram crianças.

 

E, contudo, a visita que fez ao Estado de Israel teve um significado político diametralmente oposto à sua visita a Portugal: aqui veio como vítima, queixar-se da opressão. Lá foi apoiar a opressão, com a estafada ladainha de que a campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) é “antisemita” e comparável ao boicote ianque contra Cuba.

 

Quando Wyllys se torna, subitamente, vítima do governo que quer mudar a Embaixada brasileira para Jerusalém, pode contar com a nossa solidariedade. Infelizmente ainda está por esclarecer se esse cúmplice da opressão vai aprender alguma coisa, pensar um pouco além da sua própria opressão e lembrar-se que há milhões de pessoas a sofrerem uma opressão muito pior.

 

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