Manipulação e desonestidade para permitir a participação de Tzipi Livni
A organização do 10º fórum global da United Nations Alliance of Civilizations (UNAOC), recorreu à manipulação e à desonestidade para enganar o público e permitir a participação da criminosa de guerra e antiga ministra dos Negócios Estrangeiros israelita, Tzipi Livni, esta tarde no Estoril.
Depois de o Comité de Solidariedade com a Palestina ter denunciado publicamente a participação de Livni neste evento e de vários colectivos terem convocado um protesto para esta tarde à porta do mesmo, a organização do fórum recorreu a manobras de diversão para ludibriar os activistas em solidariedade com a Palestina, fazendo-os acreditar que Livni já não iria participar, o que posteriormente percebemos ser mentira.
Entre estas manobras estão a retirada do nome e de todas as referências a Livni da programação e do site do Fórum e o apagar das publicações das redes sociais onde apareciam o nome e fotografia onde a ex-ministra israelita e criminosa de guerra aparecia ao lado de Rangel (ver aqui o arquivo do site do evento, onde Livni inicialmente aparecia, e foi retirada e em anexo a imagem de promoção divulgada e depois retirada das redes sociais). As manobras da organização levaram a que o movimento de solidariedade com a Palestina cancelasse o protesto marcado para esta tarde em frente ao Centro de Congressos do Estoril.
Livni é ex-agente da Mossad e ex-ministra em vários governos Israelitas. Segundo a sua própria admissão, ela participou no planeamento da guerra contra Gaza em 2008/9. Em janeiro de 2009, disse aos meios de comunicação israelitas: “Israel demonstrou um verdadeiro hooliganismo no decurso da recente operação, que eu exigi”. Além disso, o Relatório Goldstone, o inquérito independente da ONU, também cita Livni afirmando que: “Israel … é um país que, quando disparam contra os seus cidadãos, responde de forma selvagem e isso é uma coisa boa”.
Devido à sua participação nas agressões, Livni foi acusada de crimes de guerra por várias autoridades judiciais independentes no Reino Unido, na Bélgica e na Suíça. Em 2009 foi-lhe emitido um mandado de captura no Reino Unido por crimes de guerra em Gaza. Em 2016, Livni foi convocada para um interrogatório pela polícia britânica sobre o seu envolvimento em crimes de guerra em Gaza. Em 2017, Livni cancelou uma viagem a Bruxelas depois de ser avisada de que seria interrogada pela polícia pelo seu envolvimento em crimes de guerra contra o povo palestiniano. Também em 2017, o procurador-geral da Suíça iniciou uma investigação à ex-ministra israelita por crimes de guerra.
Condenamos veementemente a manipulação operada pela organização, da qual o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, não se pode dissociar, para permitir a participação discreta de uma criminosa de guerra numa conferência onde se pretendia falar de “paz”. Esta manipulação serviu apenas o propósito de enganar o público e é mais uma prova de que estas instituições continuarão a fazer de tudo para silenciar quem protesta contra o genocídio israelita contra o povo palestiniano em Gaza e para proteger e permitir a normalização e o branqueamento de criminosos de guerra israelitas.
Continuaremos a lutar, com convicção redobrada, pela responsabilização de todos os que permitiram esta situação, nomeadamente o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e o subsecretário-geral e alto representante da UNAOC, Miguel Ángel Moratinos, cúmplices no branqueamento dos crimes de guerra israelitas contra o povo palestiniano.
Continuaremos a apelar à pressão sobre as autoridades portuguesas para que Portugal cumpra as suas obrigações para com o direito internacional e nacional, nomeadamente pelo fim da cumplicidade de Portugal com o regime de apartheid israelita, e pela emissão de mandados de detenção contra todos os envolvidos no genocídio, no apartheid e na ocupação israelita da Palestina que estejam em território português.
26 de novembro de 2024,
Comité de Solidariedade com a Palestina