Teresa Villaverde boicota os cinemas City
Teresa Villaverde, uma dos mais de 8.000 profissionais do cinema que assinaram recentemente o apelo de cineastas para pôr fim à cumplicidade do sector com o genocídio e o apartheid na Palestina, acaba de declarar o boicote aos cinemas City. Em causa estão as ligações desta cadeia de cinemas aos crimes de guerra de Israel. Com efeito, nem ao fim de dois anos de genocídio, o seu proprietário deixou de propagandear a limpeza étnica da Palestina.
Divulgamos aqui a declaração da realizadora.
Comunicado de Teresa Villaverde a propósito dos cinemas City e de Israel.
No passado dia 15 de Outubro participei numa sessão especial, de um filme meu antigo, no cinema City Alvalade em Lisboa.
Serve este comunicado para afirmar que não sabia que aquele cinema pertence a uma cadeia de nome Cinema City que existe em Portugal e em outros países europeus para além de Israel. E que essa cadeia pertence a Eyal Edery e à sua família. Estava também longe de saber quem é Eyal Edery.
Eyal Edery é, por exemplo, um homem que deu uma entrevista ao Diário de Notícias onde afirma: “Irrita-me que digam que Israel é um país de apartheid”. A entrevista não é de hoje, mas nunca desdisse o que disse.
No passado dia 5, o City Campo Pequeno recebeu uma cerimónia organizada pela embaixada de Israel com a presença do seu embaixador. Embaixador esse que afirmou, já por mais do que uma vez, e recentemente, num canal de televisão português que não há fome em Gaza, que tudo é propaganda “ninguém morreu de fome em Gaza, os relatórios da ONU estão adulterados”. “As crianças estão magras porque têm outras doenças”. “E os jornalistas mentem”, diz que mente o Guardian, diz que mente o jornal israelita Haaretz, mente a O.N.U., mente toda a gente. As entrevistas estão disponíveis online.
Foi este o embaixador, Oren Rozenblat, o recebido de braços abertos no City do Campo Pequeno no passado dia 5.
Sinto a necessidade, e a obrigação, de afirmar que a minha presença, e a presença do meu filme, naquele espaço, se deveu ao meu total desconhecimento de quem era proprietário daquele cinema. E que a estreia do meu novo filme naquela sala cinema está totalmente cancelada.
Convido todos os meus colegas realizadores, produtores, e distribuidores a fazerem o mesmo. Acredito que muitos não saibam o que eu também não sabia.
Enquanto esta cadeia de cinema estiver nas mãos de quem pactua e defende as acções de Israel, de quem pactua e nega um genocídio de que todos somos testemunhas, os nossos filmes não podem passar lá. Apelo também aos amantes de cinema que deixem de frequentar as salas da cadeia City, e que procurem os filmes em outros lugares.
Teresa Villaverde, 17 Outubro 2025
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