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SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA

Informação sobre a ocupação israelita, a resistência palestiniana e a solidariedade internacional *** email: comitepalestina@bdsportugal.org

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Eleições israelitas

Já não há moderados

Por Gideon Levy


Os três primeiros candidatos a primeiro-ministro são extremistas. Tzipi Livni e Ehud Barak foram para a guerra em Gaza e são portanto tão radicais quanto possível. Benjamin Netanyahu é mais radical apenas na retórica.

Não devemos deixar-nos enganar por esta campanha eleitoral, considerando Livni e Barak como moderados, em contraste com o "extremista" Netanyahu. Isso é uma ilusão. O Kadima e o Partido Trabalhista, os partidos do centro e da esquerda, levaram Israel para duas horríveis guerras no espaço de dois anos. Netanyahu ainda tem que fazer uma vez a guerra. É verdade que ele fala de forma mais radical que os outros dois, mas até agora só têm sido palavras, enquanto que os "moderados" foram até à acção radical, agressiva.

"Bibi é duvidoso e terrivelmente direitista", afirma a propaganda eleitoral do Kadima. Será? Livni e Barak são exactamente o mesmo.

Nenhum dos envolvidos na guerra de Gaza pode agora falar de paz. Aqueles que lançaram um golpe tão brutal sobre os palestinianos, apenas para semear mais ódio e medo entre eles, não têm a intenção de fazer a paz com eles. Aqueles que são responsáveis por ter atirado cápsulas de fósforo branco sobre uma população civil e ter destruído milhares de casas não podem falar no dia seguinte de dois Estados vivendo pacificamente ao lado um do outro.

Numa investida, Ehud Olmert, que emitiu algumas das declarações mais corajosas alguma vez feitas nesses meios sobre o fim da ocupação, transformou essas declarações num balbúcio cínico de clichés ocos. Quem agora acreditará que ele queria a paz? E quem acreditará Barak ou Livni?

Esta guerra desmascarou Livni, a mulher que nos havia prometido uma "política diferente". Ela, que enquanto ministra dos Negócios Estrangeiros era suposta mostrar ao mundo o lado simpático de Israel, escolheu apresentar uma face arrogante, violenta e brutal. Durante a guerra, ela gabou-se de que Israel estava a actuar "selvaticamente", ameaçou o Hamas "levar" e anunciou que o cessar-fogo viria a efectuar-se "quando Israel o decidisse".

Pelo que lhe dizia respeito, não existia mundo, nem Estados Unidos e Europa, nem Conselho de Segurança da ONU, nem outro lado ensanguentado e derrotado – apenas Israel decidiria. Nenhum ministro dos Negócios Estrangeiros tinha falado assim anteriormente.

Para ela não existe mundo, EUA e Europa, não existe Conselho de Segurança, não existe o outro lado exangue e derrotado - apenas Israel, que decide. Nunca antes algum ministro dos Negócios Estrnageiros falou desta forma.

 

Nas suas tentativas patéticas de assumir uma postura masculina, militarista, machista até, de alguém que saberia o que dizer se o telefone tocasse às 3 da manhã, Livni expôs-se como uma ministra dos Negócios Estrangeiros falhada, cujas palavras e acções não são diferentes das dos homens militaristas radicais à sua volta. Nenhum eleitor que se respeite e se considere um centrista convicto poderia votar nela. Quem votar no Kadima estará a votar na direita, que está ansiosa por embarcar em qualquer guerra e por arriscar-se a cometer os crimes que a acompanham.

Votar no Partido Trabalhista também significa votar na guerra e nos seus horrores. Este xerife da guerra, Ehud Barak, privou-se para sempre do direito moral de falar de coexistência, acordos políticos e diplomacia. Se ele acreditasse neles realmente, deveria ter-lhes dado uma hipótese antes de ir para a guerra, e não depois. Barak levou o exército para a guerra e Barak deve pagar por isso, juntamente com o seu partido de "esquerda", que se juntou aos partidos mais radicais, de extrema-direita, ao apoiar a ilegalização dos partidos árabes em Israel.

Avigdor Lieberman, Netanyahu, Livni e Barak são um único – eles todos votaram a favor de uma decisão antidemocrática. E não fiquem assustados com Lieberman – ele, também, só fala. Mas, pelo menos, fá-lo honestamente, ao passo que Barak dispara e intruja.

Seguramente, estes impostores ainda gozam do apoio de dirigentes mundiais, mas para muitas pessoas pelo mundo fora, eles tornaram-se fomentadores de guerras e presumíveis criminosos de guerra. A sua imunidade diplomática protegê-los-á – mas quem quer desses dirigentes, com as suas mãos ensanguentadas, para nos representar?

Não menos grave é o facto de não haver diferenças ideológicas entre os candidatos. Peçam a Barak e Livni para explicarem que diabo os distingue um do outro. Que discussão ideológica estarão eles a conduzir, para além de andarem à bicada para ver quem fica com os louros de ter conduzido a guerra?

Em frente deles está Netanyahu – o que tem ele para oferecer? "Paz económica". Após esta guerra, que não foi suficiente na sua opinião, a sua doutrina soa mais grotesca do que nunca.

É assim que nos encaminhamos para eleições – com três partidos à frente, pouco diferentes um do outro.

Costumávamos dizer: "Não existem moderados no mundo árabe". Agora somos os únicos que não têm moderados. Vota como desejares, mas não te enganes. Qualquer voto no Kadima, no Partido Trabalhista e no Likud é um aval à última guerra e um voto na próxima.

Fonte: www.haaretz.com, 26.01.09

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