Declaração sobre o patrocínio de um evento de propaganda israelita pela Universidade Lusófona
Num momento em que decorre ummassacree consequente crise humanitária sem precedenteem Gaza, a Universidade Lusófona, com o apoio da Embaixada de Israel, organiza um evento alegadamente "sobre História e os Conflitos Regionais Recorrentes no Médio Oriente," cujo orador principal é Gabriel Ben Tasgal, Presidente deHaTzad HaSheni, uma organização cuja missão explícita é a disseminação deliberada dehasbara, i.e, propaganda explicitaeunilateralmentepró-Israel, que tem como objetivo contrariar as crescentes críticas à ocupação e ao apartheid israelitas. Este evento contará ainda com o discurso de encerramento de um representante da Embaixada de Israel em Portugal, cuja intervenção se intitula extraordinariamente "Estado de Israel como garantia da estabilidade do Ocidente"! Os outros oradores do programa foram também claramente escolhidos de forma intencional para reiterar asapologiasjá gastasem defesa da política israelita. Temos de ser claros: isto não é um debate;isto não é uma conferência académica imparcial. Uma verdadeira conferência académica incluiria obviamente outras perspectivas críticas, palestinianas e judaicas, sobre o conflito.Este evento é nada mais nada menos do que um comício político de apoio a um Israel que tem estado envolvido num ato criminoso de vingança e punição colectiva contra o povo de Gaza.
Estamos chocados com o facto de uma universidade portuguesa estar disposta a comprometer desta forma a sua reputação como instituição académica e estamos chocados com o patrocínio e participação da Lusófona num evento deliberadamente organizado para defender as acções em curso de um Estado que foi justificadamente levado ao Tribunal Internacional de Justiça sob a acusação de genocídio!
Judeus pela Paz e Justiça
“Não em nosso nome!”
Statement on Universidade Lusófona’s sponsorship of an Israeli propaganda event
Amid the massacre presently being carried out in Gaza, the Universidade Lusófona, with the support of the Israeli Embassy, is hosting an event purportedly “sobre História e os Conflitos Regionais Recorrentes no Médio Oriente,” whose main speaker isGabriel Ben Tasgal,Presidente deHaTzad HaSheni, an organization whose explicit mission is the deliberate dissemination ofhasbara, i.e., explicitly one-sided pro-Israelpropaganda, that aims at countering the mounting criticism of the Israeli occupation and apartheid. This event will also feature closing remarks by a representative of the Israeli Embassy to Portugal whose talk is extraordinarily entitled “Estado de Israel como garante da estabilidade do Ocidente”! The other speakers on the program have also clearly been intentionally chosen to reiterate worn-out apologetics in defense of Israeli policy. We must be clear: this is not a debate;this is not an impartial academic conference. A genuine academic conference would obviously also include other critical perspectives, Palestinian and Jewish, on the conflict.This event is nothing less than a political rally in support of an Israel that has been engaged in a criminal act of vengeance and collective punishment against the people of Gaza.
We are shocked that a Portuguese university would be willing to so compromise its reputation as an academic institution in such a manner and we are appalled by Lusófona’s sponsorship and participation in an event deliberately organized to defend the ongoing actions of a state that has justifiably been brought before the International Court of Justice under charges ofgenocide!
A resposta, na sexta-feira 26 de janeiro de 2024, do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) à iniciativa moral e corajosa da África do Sul, esperando obter uma decisão que pusesse fim ao genocídio dos palestinianos de Gaza, não esteve à altura.
Não subestimo a importância da decisão do Tribunal, pois é verdade que ele confirmou o direito da África do Sul a recorrer ao TIJ e corroborou os factos apresentados, incluindo a hipótese de que as acções de Israel poderiam ser definidas como um genocídio, no sentido da convenção sobre o genocídio. Historicamente, a linguagem e as definições utilizadas pelo TIJ na sua primeira decisão constituirão uma enorme vitória simbólica no caminho da libertação da Palestina.
Mas não é por essa razão que a África do Sul recorreu ao TIJ. A África do Sul queria que o Tribunal pusesse fim ao genocídio. Por conseguinte, de um ponto de vista operacional, o TIJ perdeu uma oportunidade para acabar com o genocídio, principalmente porque continuou a tratar Israel como uma democracia e não como um Estado pária. Há muito que as acções simbólicas já não impressionam os palestinianos, nem ninguém dos que apoiam a luta contra os crimes cometidos pelos países do norte global. As acções contra os Estados párias só têm sentido se tiverem um aspecto concreto.
As medidas concretas enunciadas pelo TIJ limitam-se essencialmente a pedir a Israel que entregue, no prazo de um mês, um relatório sobre as medidas tomadas para prevenir o genocídio em Gaza. Não é de estranhar que o governo israelita já tenha deixado entender que essa exigência não estaria nas suas prioridades e, sobretudo, que ela não teria nenhum impacto sobre as suas políticas no terreno.
Mesmo se o TIJ tivesse exigido, como devia ter feito, um cessar-fogo, teria sido preciso um certo tempo para implementá-lo, tendo em conta a intransigência israelita. Mas nesse caso a mensagem dirigida a Israel teria sido clara e eficaz.
Permissão para cometer um genocídio
É preciso saber que, quando tratamos com Israel, o importante não é o que lhe dizemos, mas a maneira como isso é entendido pelos responsáveis políticos israelitas. A solidariedade ocidental para com Israel, manifestada no dia 7 de outubro 2023, foi entendida pelos seus decisores políticos como uma autorização para cometer um genocídio em Gaza. Da mesma maneira, o facto de optar por um relatório em vez de uma acção concreta é entendido por Israel como uma pancadinha na mão, que dá a Israel pelo menos mais 30 dias para continuar as suas políticas genocidas.
Se assim for o caso, que restará de Gaza dentro de um mês? Qual será a amplitude do genocídio daqui a um mês, se não apenas o ocidente mas também o TIJ recusam apelar a um cessar-fogo imediato? Temo que não seja preciso responder a estas terríveis perguntas.
Mais importante ainda, o crime já foi cometido, não é como se pudéssemos ainda impedi-lo. Por conseguinte, a menos que o TIJ imagine que as acções de Israel possam ser invertidas e corrigidas, ele envia uma mensagem muito confusa. Parece sugerir que, mesmo se estas acções constituem um crime, o TIJ ficaria satisfeito se a carnificina fosse limitada.
O direito internacional falhou na Palestina
Parece que faltou coragem ao TIJ ao abster-se de exigir o que muitos países do sul e muitas pessoas da sociedade civil mundial não pararam de reivindicar ao longo destes três últimos meses.
Se todo este processo terminar com a conclusão habitual, que é a de que o direito internacional não tem o poder de parar a destruição da Palestina e dos palestinianos, isso terá um impacto ainda mais grave sobre a questão palestiniana.
De facto, esta crise de consciência poderia seriamente minar a confiança, já muito débil, do sul global na universalidade do direito. Desde a sua institucionalização definitiva após a Segunda Guerra Mundial, o direito internacional nunca conseguiu tratar o colonialismo como um crime, nem travar os projectos coloniais de povoamento como é o de Israel.
Também se tornou claro que as políticas imperialistas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha violavam desenvergonhadamente o direito internacional e/ou dele se desviaram completamente. Assim, os Estados Unidos invadiram o Iraque em violação flagrante do direito internacional e a Grã-Bretanha tenciona hoje enviar, com toda a impunidade, os requerentes de asilo para o Ruanda.
No caso da Palestina, ao longo dos 75 anos da Nakba, o direito internacional – pelo intermediário dos seus representantes oficiais e informais, dos seus profissionais e das suas delegações – foi totalmente ineficaz. Não impediu o assassinato de um único palestiniano, não permitiu a libertação de um único preso político palestiniano e não impediu a limpeza étnica da Palestina. De facto, a lista dos seus fracassos é demasiado longa para ser aqui detalhada.
Mas ainda há esperança
Há uma nova lição importante que deveria orientar a nossa actividade e as nossas esperanças no futuro. Já aprendemos que não há esperança de mudança no seio da sociedade israelita, uma lição que foi ignorada pelos que participaram no chamado processo de paz.
A incapacidade da dita comunidade internacional em compreender o ADN da sociedade sionista permitiu a Israel, desde a sua criação, matar progressivamente e massivamente os palestinianos, seja directamente, alvejando-os, seja indirectamente, recusando-lhes qualquer forma de viver.
Esse processo, liderado pelos Estados Unidos, assentava na ideia de que quando a “paz” fosse restabelecida, poder-se-ia obrigar Israel a mudar as suas políticas impiedosas no terreno. Esse raciocínio falacioso desmoronou-se completamente, mesmo se a administração Biden tenta, ultimamente, ressuscitá-lo, assim como alguns raros palestinianos que, por uma razão ou por outra, continuam a acreditar na solução dos dois Estados.
E agora vem a nova lição importante: não só não podemos esperar uma mudança dentro de Israel, como não podemos também contar com o direito internacional para proteger os palestinianos de um genocídio.
Isso não quer dizer, no entanto, que os palestinianos devam renunciar a qualquer esperança de libertação e de descolonização. Pois o projecto sionista está a implodir desde dentro. A sociedade judaica de Israel desintegra-se, a sua economia é débil e a sua imagem internacional deteriora-se. O exército israelita não funcionou em outubro e o governo está em farrapos e incapaz de prestar serviços básicos aos seus cidadãos. Nestas condições, apenas as guerras e os interesses cínicos do ocidente manterão este projecto em vida, mas durante quanto tempo?
Infelizmente, este processo de implosão pode ser longo, brutal e violento, como mostra o que se está a passar neste momento sob os nossos olhos.
Mas não somos apenas espectadores. Os militantes entre nós sabem que temos de duplicar e triplicar tudo o que já estamos a fazer. Continuamos, fora da Palestina, a tentar empurrar o "B" e o "D" de Boicote e Desinvestimento para o "S" de Sanção. Este esforço pode ser intensificado em duas direcções. Por um lado, deveríamos exercer mais pressão sobre os governos do sul para que eles sejam mais activos, em particular nos mundos árabe e muçulmano.
Por outro lado, deveríamos encontrar melhores meios de aumentar a pressão eleitoral sobre os nossos representantes no norte.
Não é necessário dizer à resistência palestiniana o que ela deve fazer para defender-se e defender o seu povo. Não é necessário dizer ao movimento de libertação como elaborar uma estratégia para o futuro. Onde quer que eles estejam, os palestinianos empenhados na luta continuarão a perseverar e a fazer prova de resiliência.
Do que eles realmente precisam, é que os nossos esforços externos sejam mais eficazes, mais realistas e mais audaciosos.
Só podemos admirar o que o movimento de solidariedade com a Palestina já conseguiu, em particular ao longo dos três últimos meses.
E, se os militantes locais e empenhados precisassem de um argumento acrescido para confirmar que o que fazem é essencial e justo, a decisão do TIJ seria um lembrete arrepiante do que está aqui em causa.
Se há uma esperança de parar o genocídio em toda a Palestina histórica, ela reside na capacidade da sociedade civil mundial de se mobilizar. Pois é infelizmente evidente que os governos e os organismos internacionais não querem, ou não podem, fazer nada.
Origem da tradução portuguesa: https://www.france-palestine.org/La-decision-de-la-CIJ-est-loin-d-etre-a-la-hauteur-de-la-situation
O Comité Nacional Palestiniano do BDS (BNC), a maior coligação da sociedade palestiniana que lidera o movimento global de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), saúda os activistas, as organizações e as instituições de todo o mundo que expressaram solidariedade significativa com a nossa luta urgente para impedir o genocídio de Israel em Gaza, intensificando as campanhas de boicote e desinvestimento. Estender os boicotes a empresas israelitas e multinacionais cúmplices pode ser eficaz se for feito de forma estratégica.
Acabar com toda a cumplicidade estatal, corporativa e institucional com o regime genocida de Israel é mais urgente do que nunca. As nossas vidas e meios de subsistência dependem literalmente disso.
Boicotes estratégicos vs. não estratégicos
As pessoas conscientes de todo o mundo estão legitimamente abaladas, enfurecidas e, às vezes, sentem-se impotentes. Muitas sentem-se compelidas a boicotar todo e qualquer produto e serviço de empresas ligadas de alguma forma a Israel. A proliferação de extensas "listas de boicote" nas redes sociais é um exemplo disso. A questão é como fazer com que os boicotes sejam eficazes e tenham realmente um impacto na responsabilização das empresas pela sua cumplicidade no sofrimento dos palestinianos e palestinianas.
O movimento BDS usa o método historicamente bem-sucedido de boicotes estratégicos, inspirado no movimento anti-apartheid sul-africano, no movimento pelos direitos civis dos EUA, na luta anticolonial indiana, entre outros em todo o mundo.
Devemos concentrar-nos estrategicamente num número relativamente pequeno de empresas e produtos cuidadosamente selecionados para obter o máximo de impacto. Empresas que desempenham um papel claro e directo nos crimes de Israel e nas quais há uma chance real de vitória, como foi o caso, entre outras, da G4S, Veolia, Orange, Ben & Jerry's e Pillsbury. Forçar grandes empresas cúmplices, por meio de campanhas de boicote e desinvestimento estratégicas e sensíveis ao contexto, a acabar com a sua cumplicidade com o apartheid israelita e os crimes de guerra contra o povo palestiniano envia uma mensagem poderosa a centenas de outras empresas cúmplices: "a tua hora vai chegar, então sai antes que seja tarde demais!
Muitas das listas proibitivamente longas que se tornam virais nas redes sociais fazem exactamente o oposto desta abordagem estratégica e com impacto. Elas incluem centenas de empresas, muitas sem evidências confiáveis da sua ligação ao regime de opressão de Israel contra o povo palestiniano, o que as torna ineficazes.
Dito isto, todos os esforços populares pacíficos, inclusive o boicote e o desinvestimento, para responsabilizar todas as empresas (e instituições) realmente cúmplices por apoiarem as graves violações dos direitos palestinianos por parte de Israel são justificados e necessários. É perfeitamente legítimo, por exemplo, boicotar empresas cuja filial ou franchising israelita apoie o genocídio de Israel em Gaza, algumas das quais mencionamos abaixo na secção sobre alvos de boicote orgânico de base.
Além disso, uma empresa ou produto pode fazer muito sentido como alvo de boicote num contexto ou cidade, mas não noutro. Essa sensibilidade ao contexto é um princípio fundamental do nosso movimento. De qualquer forma, todos nós temos uma capacidade humana limitada, e por isso é melhor usá-la da maneira mais eficaz para obter resultados significativos e sustentáveis que possam realmente contribuir para a libertação da Palestina. Portanto, pedimos aos nossos apoiantes que fortaleçam as nossas campanhas direccionadas e boicotem as empresas cúmplices mencionadas no nosso site para maximizar o nosso impacto colectivo.
Abaixo estão listados os objetivos prioritários de boicote do movimento global BDS.
Dividimos esses objetivos em quatro secções:
1. Alvos de boicote de consumidores - O movimento BDS pede um boicote total a essas marcas cuidadosamente selecionadas devido ao histórico comprovado de cumplicidade da empresa com o apartheid israelita.
2. Metas de desinvestimento - O movimento BDS pressiona governos, instituições e fundos de investimento a excluir e desinvestir do maior número possível de empresas cúmplices, especialmente fabricantes de armas, bancos e empresas listadas no banco de dados da ONU de empresas envolvidas nos assentamentos ilegais de Israel, bem como nos bancos de dados WhoProfits e AFSC Investigate de empresas que viabilizam a ocupação. Veja abaixo alguns dos alvos contra os quais estamos a fazer campanha.
3. Alvos de pressão (não boicotes) - O movimento BDS solicita activamente campanhas de lobby contra essas marcas e serviços devido à sua cumplicidade com o apartheid israelita. Por motivos estratégicos, não pedimos um boicote a essas marcas e serviços, mas pedimos estrategicamente aos apoiantes e instituições que exerçam outras formas de pressão sobre eles até que acabem com a sua cumplicidade com o apartheid israelita.
4. Objectivos do boicote orgânico - O movimento BDS não iniciou essas campanhas de boicote de base, mas apoia-as porque essas marcas apoiam abertamente o genocídio de Israel contra o povo palestiniano.
1.1 Alvos do boicote dos consumidores:
Siemens
A Siemens (Alemanha) é a principal empreiteira do Interconector Euro-Ásia, um cabo de eletricidade submarino entre Israel e a UE que está planeado para ligar os colonatos ilegais de Israel nos territórios palestinianos ocupados com a Europa. Os eletrodomésticos da marca Siemens são vendidos em todo o mundo.
Carrefour
O Carrefour (França) é um facilitador do genocídio. O Carrefour-Israel apoiou soldados israelitas que participam no genocídio do povo palestiniano em Gaza com presentes e pacotes pessoais. Em 2022, fez parceria com a empresa israelita Electra Consumer Products e a sua subsidiária Yenot Bitan, ambas implicadas em graves violações contra o povo palestiniano.
AXA
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, a gigante de seguros AXA (França) tomou medidas específicas contra ela. No entanto, enquanto Israel, um regime de 75 anos de colonização e apartheid, trava uma guerra genocida em Gaza, a AXA continua a investir em bancos israelitas que financiam crimes de guerra e o roubo de terras e recursos naturais palestinianos.
Hewlett Packard Inc (HP Inc)
A HP Inc (EUA) presta serviços aos escritórios dos líderes do genocídio, o primeiro-ministro israelita Netanyahu e o ministro das Finanças Smotrich.
SodaStream
A SodaStream é activamente cúmplice da política israelita de deslocamento da população indígena beduína de Israel no Negev e tem um longo histórico de discriminação racial contra trabalhadores palestinianos.
Ahava
A empresa de cosméticos Ahava tem seu local de produção, centro de visitantes e loja principal num colonato israelita ilegal nos territórios palestinianos ocupados.
RE/MAX
A RE/MAX (EUA) comercializa e vende propriedades em colonatos israelitas ilegais construídos em terras palestinianas roubadas, permitindo a colonização israelita da Cisjordânia ocupada.
Produtos israelitas nos seus supermercados
Frutas, legumes e vinhos enganosamente rotulados como "Produto de Israel" geralmente incluem produtos de colonatos ilegais em terras palestinianas roubadas. As empresas israelitas não fazem distinção entre os dois, e os consumidores também não deveriam fazer. Boicote os produtos israelitas no seu supermercado e exija que eles sejam retirados das prateleiras.
2. Alvos de desinvestimento:
Elbit Systems:
A Elbit Systems é a maior empresa de armas do apartheid israelita. Ela testa as suas armas no terreno, sobre a população palestiniana, inclusive na guerra genocida de Israel em Gaza. Além de construir drones assassinos, a Elbit fabrica tecnologia de vigilância para o muro do apartheid de Israel, postos de controle e a cerca de Gaza, viabilizando o apartheid. Os EUA e a UE usam a tecnologia da Elbit para militarizar as suas fronteiras, violando os direitos dos refugiados e dos povos indígenas.
HD Hyundai/Volvo/CAT/JCB:
As máquinas da HD Hyundai (Coreia do Sul), Volvo (Suécia/China), CAT (EUA) e JCB (Reino Unido) têm sido usadas por Israel na limpeza étnica e no deslocamento forçado de pessoas palestinianas, destruindo as suas casas, quintas e empresas, além de construir colonatos ilegais nas suas terras roubadas, um crime de guerra de acordo com a lei internacional.
Barclays:
O Barclays Bank (Reino Unido) detém mais de £1 bilhão em ações de nove empresas cujas armas, componentes e tecnologia militar têm sido usados na violência armada de Israel contra o povo palestiniano, e fornece mais de £3 bilhões em empréstimos e garantias a essas empresas.
CAF:
A empresa de transporte basca CAF constrói e faz a manutenção do Jerusalem Light Rail (JLR), uma linha de eléctrico que serve os colonatos israelitas ilegais em Jerusalém. A CAF lucra com os crimes de guerra de Israel em terras palestinianas roubadas.
Chevron:
A Chevron, multinacional americana de combustíveis fósseis, é a principal empresa internacional que extrai gás reivindicado pelo apartheid israelita no Mediterrâneo Oriental. A Chevron gera bilhões de receitas, fortalecendo o arsenal de guerra e o sistema de apartheid de Israel e agravando a crise climática.
HikVision:
A Amnistia Internacional documentou câmaras CCTV de alta resolução fabricadas pela empresa chinesa Hikvision instaladas em áreas residenciais e montadas na infraestrutura militar israelita para monitorizar a população palestiniana. Alguns desses modelos, de acordo com o marketing da própria Hikvision, podem ser ligados a um software externo de reconhecimento facial.
TKH Security:
A Amnistia Internacional identificou câmaras fabricadas pela empresa holandesa TKH Security usadas por Israel para vigilância da população palestiniana. A TKH fornece à polícia israelita tecnologia de vigilância que é usada para reforçar o apartheid.
3. Alvos de pressão (não boicotes):
Google e Amazon (EUA):
Enquanto o exército israelita bombardeava casas, clínicas e escolas em Gaza e ameaçava expulsar famílias palestinianas das suas casas na Jerusalém ocupada em maio de 2021, os executivos da Amazon Web Services e da Google Cloud assinaram um contrato de US$ 1,22 bilhão para fornecer tecnologia em nuvem para o governo e as forças armadas israelitas. Ao apoiar o apartheid israelita com tecnologias vitais, a Amazon e a Google estão directamente envolvidas em todo o seu sistema de opressão, incluindo o genocídio em Gaza. Participe na campanha #NoTechForApartheid. Embora as campanhas direccionadas para essas empresas não tenham exigido boicotes, outras formas de pressão foram adoptadas para forçá-las a acabar com a sua cumplicidade.
Airbnb/Booking/Expedia:
A Airbnb (EUA), a Booking.com (Holanda) e a Expedia (EUA) oferecem alugueres em colonatos isaelitas ilegais construídos em terras palestinianas roubadas. Embora as campanhas direccionadas a essas empresas ainda não tenham exigido boicotes, outras formas de pressão foram adoptadas para forçá-las a acabar com sua cumplicidade.
Disney
A Marvel Studios (EUA), de propriedade da Disney, está promovendo um "super-herói" que personifica o apartheid israelita no próximo filme do Capitão América. As duas empresas são, portanto, cúmplices do "racismo anti-palestiniano, da propaganda israelita e da glorificação da violência colonial contra os povos indígenas", conforme declarado por organizações culturais palestinianas.
4. Alvos do boicote orgânico de base:
McDonald's (EUA), Burger King (EUA), Papa John's (EUA), Pizza Hut (EUA), WIX (Israel), etc. são agora alvos em alguns países de campanhas de boicote orgânico de base, não iniciadas pelo movimento BDS. Apoiamos essas campanhas porque essas empresas ou as suas filiais ou franchising em Israel, apoiaram abertamente o apartheid israelita e/ou forneceram generosas doações em espécie ao exército israelita no meio da actual genocídio. Se essas campanhas de base ainda não estiverem organicamente activas na sua área, sugerimos que concentre as suas energias nas nossas campanhas estratégicas mencionadas acima.
Lembre-se de que todos os bancos israelitas e praticamente todas as empresas israelitas são cúmplices, até certo ponto, do sistema de ocupação e apartheid de Israel, e centenas de empresas e bancos internacionais também são profundamente cúmplices. Concentramos os nossos boicotes num pequeno número de empresas e produtos para obter o máximo de impacto.
Recursos adicionais: Para saber mais sobre as empresas cúmplices das violações dos direitos humanos por Israel, visite Who Profits, Investigate e o banco de dados da ONU sobre empresas envolvidas no empreendimento de colonatos ilegais de Israel.
A partir da versão traduzida no Brasil e do original em inglês:
Hoje, Senhor Presidente do Congresso, a África do Sul apresentará a sua queixa contra o governo israelita no Tribunal Internacional de Justiça. Peço a aprovação unânime para que o caso fique registado em acta.
É incrivelmente poderoso ver pessoas que derrotaram o apartheid no seu próprio país a responsabilizarem o regime de apartheid israelita pelo seu crime de genocídio em Gaza. Hoje, estou a pensar nas poderosas palavras de Nelson Mandela: "Sabemos muito bem que a nossa liberdade está incompleta sem a liberdade dos palestinianos".
Esta semana, o Secretário de Estado Blinken considerou o caso "sem mérito". Por isso, deixem-me ler directamente do processo, começando na página 59, "Expressões de intenção genocida contra o povo palestiniano por parte de funcionários israelitas", para que possam ouvir directamente os funcionários israelitas nas suas próprias palavras, não nas minhas.
O presidente Herzog disse: "É uma nação inteira que é responsável. Não é verdade, esta retórica de que os civis não estão conscientes, não estão envolvidos. Não é absolutamente verdade... e lutaremos até lhes quebrarmos a espinha dorsal".
É um dos muitos funcionários israelitas que têm mensagens escritas à mão nas bombas que vão ser lançadas sobre as crianças de Gaza.
Benjamin Netanyahu disse nas suas próprias palavras: "Uma luta entre os filhos da luz e os filhos das trevas, entre a humanidade e a lei da selva". E continua: "Esta é uma batalha não só de Israel contra estes bárbaros, é uma batalha da civilização contra a barbárie".
O ministro da Defesa de Israel disse: "Impor um cerco completo a Gaza. Sem eletricidade, sem comida, sem água. . . . Tudo está fechado", diz ele. "Estamos a lutar contra animais humanos".
Mais uma vez, uma citação direta do ministro da Defesa. Ele continua dizendo: "Gaza não voltará a ser o que era antes. Vamos eliminar tudo".
O ministro israelita da Segurança Nacional - mais uma vez, um funcionário do governo israelita - falando dos que vivem em Gaza, disse: "São todos terroristas e também devem ser destruídos".
O ministro israelita da Energia e das Infraestruturas disse: "Toda a população civil de Gaza tem ordem para sair imediatamente. . . Não receberão uma gota de água nem uma única pilha até deixarem o mundo".
O ministro israelita do Património disse: "O norte da Faixa de Gaza está mais bonito do que nunca. Tudo está rebentado e achatado, simplesmente um prazer para os olhos. . . Vamos entregar lotes a todos os que lutaram por Gaza ao longo dos anos".
Ainda não acabei.
O ministro israelita da Agricultura disse: "Estamos agora a realizar a Nakba de Gaza". O vice-presidente do Knesset disse: "Todos temos um objetivo comum - apagar a Faixa de Gaza da face da terra. Os que não conseguirem serão substituídos".
O coordenador do exército israelita para as actividades governamentais nos territórios, falando dos palestinianos que vivem em Gaza, disse: "Os animais humanos são tratados em conformidade." E um reservista do exército israelita disse: "Não deixem ninguém para trás. Apaguem a memória deles. Apaguem-nos a eles, às suas famílias, mães e filhos. Estes animais já não podem viver... Deixem-nos lançar bombas sobre eles e apaguem-nos."
Sr. Presidente do Congresso, gostaria de submeter à acta do Congresso todo o processo sul-africano contra Israel, por genocídio, no Tribunal Internacional de Justiça.
Há simplesmente tempo para salvar vidas, para impedir o governo israelita de levar a cabo o genocídio em Gaza.
Este órgão e a administração Biden são cúmplices deste genocídio. O Congresso tem de deixar de financiar o genocídio do povo palestiniano com o dinheiro dos nossos impostos americanos.
Luís Alves de Fraga (coronel reformado da Força Aérea) e António Louçã (jornalista)
Quando a horda ganhou uma hierarquia, em especial intermédia, transformou-se em exército, em força armada. Quando os exércitos começaram a combater, faziam-no em campo aberto escolhido pelo que primeiro identificava as melhores condições de combate ‒ normalmente, uma planície onde existisse uma elevação para garantir a melhor forma de conduzir as tropas. Uma batalha podia durar do nascer do sol até começar a ser noite. As populações civis só sofriam com a passagem dos exércitos pelas suas aldeias, onde o saque era permitido como forma de reabastecimento logístico dos combatentes.
Para além da batalha campal, existiram ao longo dos séculos as guerras de sítio ou cerco. Ocorriam quando um dos oponentes ocupava, em regra, num ponto alto, um castelo. Na Europa (em determinadas circunstâncias, também no Oriente), os castelos constituíam um conjunto de quatro tipos de elementos defensivos: a torre de menagem, as muralhas altas e grossas, o fosso e a barbacã. No primeiro, concentrava-se o senhor ou administrador do castelo, sua família e os cavaleiros mais distintos das hostes; à volta da torre de menagem, desenvolvia-se a construção dos edifícios mais importantes da defesa, cercando-os os grossos muros do castelo onde existiam passeios de guarda, ameias e frestas para arqueiros e, mais tarde, besteiros; rodeando as muralhas havia, normalmente, um fosso cheio de água e com margens quase verticais para impossibilitar a aproximação dos inimigos; seguiam-se terras de cultivo e casas de quem vivia à sombra da defesa do castelo; cercando esse aglomerado existia uma outra muralha não tão alta como a do castelo, chamada barbacã, que constituía a defesa avançada em caso de guerra. Ressalta desta descrição que na guerra de cerco não se movimentavam, praticamente, nenhumas tropas ‒ quem estava dentro do castelo queria sair e quem estava fora queria entrar ‒, passando tudo pelo desgaste de ambas as partes.
Usavam-se, nestas épocas distantes, somente duas dimensões: a horizontal e a vertical: quem estava mais alto no terreno via mais longe. Claro que, em séculos muito anteriores ao V, na China já se utilizavam papagaios de papel para, numa espécie de cadeirinha, se elevar um homem suficientemente leve que lá do alto observasse o campo inimigo e fosse capaz de identificar a chamada ordem de batalha por ele adoptada, servindo para os generais decidirem que forças haviam de lançar em primeiro lugar e em que direcção. Este estratagema deu importância à visão vertical. No começo do século XX, não se sabendo bem que utilidade dar aos aviões, eles serviram, antes do mais, como meio de observação.
Mas, nas hostes que cercavam os castelos, também se começou a usar a dimensão vertical, embora em sentido inverso: construindo subterrâneos ou túneis para conseguir chegar, pelo menos à muralha principal para, usando cargas de pólvora (quando ela já era conhecida na Europa) fazer derruir uma parte da muralha por onde pudessem entrar os sitiadores. Eram os chamados trabalhos de sapa. Contudo, os sitiados, sabendo desta possibilidade, tinham especialistas para detectar as vibrações do solo junto às muralhas e, procurando adiantar-se ao inimigo usando o mesmo método, destroçá-lo em pleno trabalho e poder, aproveitando os túneis já feitos, levar a cabo pequenas incursões militares quando o inimigo menos esperava.
Tudo isto faz parte do estudo da história militar europeia, foi uma forma de cultura que se enraizou ao longo de séculos de guerras.
Quando as armas de artilharia e até as individuais melhoraram a sua eficiência, as altas torres e as muralhas inacessíveis tenderam a baixar, ficando a poucos metros do solo e, embora muito mais grossas, perderam a geometria quadrangular ou retangular, para se apresentarem como linhas quebradas sob a forma de estrelas de várias pontas. A vida dos militares passou a fazer-se mais junto ao solo e, até muitas vezes, enterrada.
No começo do século XX, entre 1914 e 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, na frente ocidental da Europa, numa verdadeira guerra de duplo cerco, os combatentes viveram e morreram em trincheiras e abrigos subterrâneos; a rainha das batalhas foi a artilharia de longo e médio alcance e as princesas foram as metralhadoras ligeiras, pesadas e os morteiros ligeiros. Em todos os combates não se respeitaram nem a propriedade dos civis, nem a sua vida. Anos mais tarde, no período da Segunda Guerra Mundial, as batalhas tanto foram campais como urbanas ou mesmo aéreas. Importante era quebrar a vontade do inimigo, levando-o à exaustão; Estalinegrado foi um excelente exemplo de um cerco em que os sitiantes caíram de cansaço, tal como a de Kursk foi uma batalha campal, ocupando e destruindo, de passagem, cidades e vilas.
Em 1945, a vitória dos Aliados, mas em especial a dos EUA e da URSS, estabeleceu novas formas de combate, porque nem em Washington nem em Moscovo, havia vontade de um confronto directo. Passou-se a um novo tipo de guerra: a de guerrilha, onde os chamados insurrectos, em menor número e com armamento mais ligeiro do que o da potência militar dominante, impuseram o desgaste militar, económico, social e moral àqueles que defendiam uma ordem anterior.
Em traços muito largos, estão expostos séculos de guerra na Europa. Ora, que história militar têm os EUA? A bem dizer, muito pouca: a da independência, a guerra civil, a guerra contra a Espanha, guerras de ocupação territorial contra o México, as duas intervenções na Europa, já referidas, e a guerra contra o Japão (1941-1945). A verdadeira experiência bélica dos americanos (imigrantes europeus radicados naquele lado do “Novo Mundo”) foi a do extermínio dos índios. Tudo isto constituiu o ingrediente necessário para gerar uma cultura que, parecendo-se com a europeia, diverge dela em muitos e variados aspectos, razão pela qual a maioria dos intelectuais americanos, em especial os das ciências sociais, julgando descobrir novas teses e novas explicações, limitam-se a desenvolver métodos de propaganda que justifiquem as políticas de momento que mais convêm a Washington e ao Pentágono. Está neste caso o senhor Anthony King, com a obra publicada há dois anos, Urban Warfare in the Twenty-First Century.
Hoje, são assimétricos todos os conflitos em que intervenha a única superpotência sobrevivente da Guerra Fria - os EUA. E são assimétricos sem retaguarda, ou quase, para o beligerante mais fraco: ao Vietname da segunda metade do século passado, apesar de tudo com algum apoio da China e da URSS, não podem comparar-se o Iraque invadido, a Líbia fragmentada, a Palestina arrasada, todos sem qualquer outra potência que as apoie efectivamente.
Além de assimétricos e sem retaguarda são, cada vez mais, urbanos, por várias razões que se encontram meticulosamente analisadas na obra de Anthony King. Desde logo, quando a população mundial afluiu e continua a afluir às cidades, controlá-las deixa de ser mero objecto de manobra táctica, para se tornar desiderato estratégico em todas as guerras.
Além desta espectacular mutação demográfica, em curso desde há décadas, há a drástica redução dos efectivos militares, também referida por King. Incapazes de sustentarem linhas de frente com dezenas ou centenas de quilómetros, os exércitos concentram nas cidades as boots que conseguem colocar on the ground, e batem-se sobretudo para controlar as cidades. Segundo King, acabaram-se as grandes batalhas campais e a luta pelas capitais para poder proclamar a vitória. As cidades, pequenas e grandes, capitais ou não, tornam-se o campo de batalha por excelência.
E, se há uma revolução na localização dos cenários de guerra, há também uma no modo de encará-los. A urbanização da guerra, diz-nos King, relega para o museu de velharias o velho pensamento bidimensional de estrategas debruçados sobre uma abundante cartografia salpicada de alfinetes com bandeirinhas. Ao transferir-se do campo aberto para labirintos urbanos, o planeamento militar deve ter em conta que as cidades crescem em altura e que passou a ser preciso pensar em termos tridimensionais e volumétricos (embora King relativize a novidade, por já ter havido, desde tempos imemoriais, veleidades de introduzir a guerra aérea e de tirar partido das alturas, como atrás referimos).
Mas, perante a agudeza das observações de King, não pode deixar de surpreender-nos que os seus volumetrismo e tridimensionalidade apenas se refiram às alturas e nunca às profundezas. Ele olha os céus e ignora o subsolo - esse subsolo que mereceu a atenção de Pérez-Reverte para combates do capitão Alatriste, de Victor Hugo para a fuga de Jean Valjean e Marius, esse mesmo que não era só literatura e foi via de fuga para os últimos insurrectos do ghetto de Varsóvia.
Hoje, a resistência palestiniana em Gaza aí está para recordar-nos que há um mundo debaixo dos nossos pés. Esse mundo tem sido o cenário de uma guerra prolongada, muito antes do 7 de outubro. A rede de túneis construída pelos palestinianos tem sido o sistema vascular que lhes permite o abastecimento da Faixa. Nos interregnos entre as campanhas de bombardeamento israelita, Gaza tem continuado a ser, simultaneamente, um campo de concentração a céu aberto e uma praça sitiada por todos os lados. A luta para sobreviver tem sido uma guerra económica permanente. A mitificação dos túneis como sistema de agressão contra Israel é apenas uma tentativa de ocultar que eles têm sido um mecanismo essencial para o povo de Gaza poder defender-se - primeiro contra a fome, depois contra os bombardeamentos aéreos.
Parece que a infantaria israelita, guardada em segurança para um momento em que Gaza já se encontrasse terraplanada e qualquer prédio de habitação, creche, escola, hospital ou edifício público já estivessem destruídos, tem tido surpresas ao pensar que estava finalmente a apoderar-se de um enorme cemitério. E também pode ser que essas surpresas sejam riscos mais ou menos calculados e com perdas que o Estado-Maior israelita considerou toleráveis para a sua carne de canhão. Mas, ainda assim, os últimos redutos da resistência palestiniana terão sido, como no ghetto de Varsóvia, as catacumbas em que os derradeiros sobreviventes conseguem perseverar.
A metáfora marxista da velha toupeira, inspirada nas tradições do proletariado mineiro, revigorada ao longo dos anos por exemplos como a Comuna das Astúrias em 1934 ou a greve mineira inglesa em 1984, tinha entre outros méritos o de lembrar-nos que num mundo cheio de Trumps, Bolsonaros, Mileis e Netanyahus, há uma realidade invisível, ou menos visível, que vai amadurecendo e que pode haver nas entranhas da terra um futuro diferente a gestar-se. A resistência palestiniana tem mostrado que até o mais sofisticado e o mais actualizado pensamento geoestratégico pode passar ao lado de algo essencial.
Mais de 150 profissionais das diferentes áreas da saúde assinam uma carta aberta pelo cessar-fogo, definitivo e incondicional, em Gaza e pela libertação da Palestina.
Os sucessivos ataques, intencionais e sistemáticos, por parte do estado de Israel a infraestruturas civis já levaram ao assassinato de 14 mil pessoas, das quais 5.600 (40%) são crianças. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o estado de Israel atacou mais de 164 infraestruturas médicas e foram mortos mais de 220 profissionais de saúde em Gaza.
Os profissionais de saúde que assinam esta carta recusam-se a compactuar com o apoio a crimes de guerra que massacram e punem coletivamente toda a população de Gaza e rejeitam permanecer em silêncio perante a violência e o assassinato intencional de colegas de profissão e a destruição de hospitais.
Esta carta aberta é direcionada às diferentes ordens profissionais da saúde para que se posicionem acerca dos ataques em curso em Gaza e que intercedam junto do governo pelo cessar-fogo, definitivo e incondicional, pelo fim do bloqueio em Gaza e do regime de apartheid imposto pelo estado de Israel na Palestina.
A carta pode ser assinada por profissionais de saúde via formulário: https://forms.gle/tKm3ARJsVVktgu8L8 [link na biografia].
Pausas humanitárias não chegam e os hospitais não são um alvo. Cessar-fogo já! Palestina livre já!
A sociedade civil palestiniana lançou um apelo urgente para que as entidades envolvidas no comércio de armas com Israel terminem imediatamente estas transações. Este apelo é particularmente urgente agora dado o registo irrefutável de crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos contra a população palestiniana, particularmente na Faixa de Gaza, incluindo bombardeamentos indiscriminados, limpeza étnica, recusa de ajuda humanitária e o uso deliberado e ilegal de armas explosivas e fósforo branco contra civis. A somar estes, a deslocação forçada, o corte de água, alimentos e combustível e o emprego da “fome como arma de guerra”, de acordo com a Oxfam e organizações de direitos humanos palestinianas.
É urgente um cessar-fogo. Um embargo militar pode, como já aconteceu, obrigar a este cessar-fogo. A Assembleia-Geral das Nações Unidas votou por uma larga maioria a 27 de Outubro favoravelmente a uma trégua humanitária. O dever moral de toda a humanidade face a estas atrocidades continuadas é parar o comércio de armas para a “zona de conflito” imediatamente.
Esta guerra genocida é levada a cabo com armas facultadas pelas potencias ocidentais, especialmente os EUA, Canadá, Alemanha, Itália e Reino Unido. Alguns estados têm facilitado a expedição rápida e facilitada de equipamento militar a Israel durante esta ofensiva. Usando este armamento, Israel despejou em Gaza ao longo de uma semana cerca de 6000 bombas, cada uma pesando em média 750 Kg, quase a mesma quantidade que os EUA despejaram no Afeganistão durante um ano. A 5 de Novembro, um ministro israelita revelou que Israel detém armas nucleares e considerou usá-las em Gaza, um sinal de alarme urgente para a necessidade de um embargo militar.
O Artigo 1 da Convenção de Genebra de 1949 bane a transferência de armamento para países que se prevê usarem-no para cometer crimes. Estados que atuem como locais de trânsito para a transferência de armamento dos EUA para Israel, todos membros da EU, estão abrangidos pela Posição Comum do Conselho Europeu 2008/944/CFSP de 8 de Dezembro de 2008 sobre a exportação de tecnologia e equipamento militar.
Estados por onde transitem armas e componentes destinados às forças armadas israelitas, sabendo que irão ser usadas contra civis, são cúmplices em crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Nove países já foram implicados no passado nestas transferências incluindo Portugal.
Ação legal e sindical é urgentemente necessária para que Portugal não permita queos seus portos e aeroportos sejam usados para transferir armamento para Israel.
A Amnistia Internacional recentemente pediu à comunidade internacional para que “imponha um embargo militar a todas as fações do conflito”.
Um conjunto de sindicatos belgas – ACV Puls, BTB, BGTK e ACV – Transcom –recusaram-se recentemente a manobrar cargas armamentos com destino a Israel, referindo numa declaração conjunta que exigiam um cessar-fogo imediato em Gaza. No dia 7 de Novembro, o sindicato de estivadores catalães OEFB que representa cerca de 1200 estivadores em Barcelona tomou uma posição similar.
"A justiça é a resposta à violência. Perante este desencadear de violência, das mais graves violações do direito e este desprezo pelas vidas palestinianas, o nosso dever é o de afirmar alto e bom som que esses crimes não ficarão impunes." O advogado Gilles Devers anuncia-nos que uma queixa vai ser entregue na quinta-feira 9 de novembro. O dossier é enviado em francês, inglês e árabe.
Publicado em 30/10/2023 o site do Ministério dos Negócios Estrangeiros da África do Sul
A organização Save the Children informou que o número de crianças mortas em Gaza nas últimas três semanas ultrapassou o número anual de crianças mortas em todas as zonas de conflito do mundo desde 2019. Desde 7 de outubro, mais de 3.257 crianças terão sido mortas. Este número inclui pelo menos 3.195 em Gaza, 33 na Cisjordânia e 29 em Israel. As crianças representam mais de 40% das 7.703 pessoas mortas em Gaza. A organização Save the Children calcula que estes números poderão aumentar, uma vez que mais de 1.000 crianças estão desaparecidas, muitas das quais estão presas sob as ruínas e os escombros em resultado dos ataques aéreos indiscriminados de Israel em Gaza.
Estas crianças mortas desde 7 de outubro são não combatentes e os responsáveis pelas suas mortes devem responder por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e, no caso da dimensão de mortes em Gaza e, cada vez mais, na Cisjordânia, o crime de genocídio também deve ser investigado. A escala de mortes em Gaza é o resultado directo das acções ilegais de Israel contra o povo de Gaza. Como a África do Sul e a maioria dos países declararam na Assembleia Geral das Nações Unidas em 27 de outubro de 2023, no âmbito do debate sobre uma resolução em que mais de dois terços da Assembleia Geral responderam positivamente a um apelo a um cessar-fogo imediato, ao abrigo das leis de ocupação, que fazem parte da lei dos conflitos armados, Israel não tem o "direito de se defender" utilizando meios militares, uma vez que Israel é uma potência ocupante. Isto é um facto, não uma alegação. Foi confirmado pelo Tribunal Internacional de Justiça. Enquanto potência ocupante, Israel pode utilizar instrumentos aplicáveis ao Estado de direito, incluindo poderes de policiamento para lidar com acções criminosas. Um Estado ocupante não pode exercer controlo sobre o território que ocupa e simultaneamente atacar militarmente esse território, alegando que é "estrangeiro" e que representa uma ameaça externa à segurança nacional. A noção do direito de Israel a defender-se através de meios militares tem sido utilizada erradamente por alguns e deliberadamente por outros para justificar o uso ilegal da força por parte de Israel contra a população palestiniana em Gaza e na Cisjordânia.
Aqueles que encorajaram e apoiaram materialmente o uso ilegal da força por parte de Israel na situação actual devem, por conseguinte, ser investigados por cumplicidade nas violações do direito internacional. O número de não-combatentes mortos, especialmente o número de crianças mortas, exige que o mundo mostre que está a levar a sério a responsabilidade global. O TPI acusou o presidente russo Vladimir Putin de levar ilegalmente crianças da Ucrânia para a Rússia. Consequentemente, o assassínio voluntário de crianças em Gaza exige seguramente que o procurador do TPI utilize os seus poderes independentes para instaurar urgentemente processos judiciais. Não o fazer servirá para exacerbar o cinismo crescente de que o direito penal internacional é aplicado selectivamente para fins políticos.
Embora citemos números, que alguns líderes mundiais procuraram vergonhosamente minimizar, como forma de ilustrar a escala das atrocidades, isso não deve ocultar a tragédia humana muito real. Gerações inteiras de famílias foram dizimadas em Gaza nas últimas três semanas. Estima-se que mais de 80 famílias inteiras tenham sido dizimadas pela ação armada israelita nas últimas três semanas. No domingo, dia 29 de outubro, membros da família de um dos diplomatas palestinianos de alto nível, baseado em Pretória, foram mortos num ataque aéreo israelita no seu edifício de apartamentos em Gaza. Um outro membro da comunidade palestiniana que vive em Joanesburgo viu 25 membros da sua família serem mortos num ataque aéreo israelita esta manhã. A África do Sul apresenta as suas mais profundas condolências às famílias de todas as vítimas.
É à luz destas atrocidades que deve ser condenada a forma pouco ética como o vice-director do Conselho de Deputados Judeus da África do Sul, Zev Krengel, comentou a posição da África do Sul nesta matéria. O Sr. Krengel repetiu informações desacreditadas relacionadas com a decapitação de crianças em Israel. Esta desinformação faz parte do arsenal de tácticas de desumanização utilizadas para justificar uma abordagem "por todos os meios necessários" para lidar com o Hamas, que resultou nas enormes baixas a que assistimos hoje. Também induziu o público sul-africano em erro sobre a natureza e o processo do telefonema da ministra Naledi Pandor ao Hamas e da sua visita oficial como enviada ao Irão. Dado o carácter potencialmente difamatório das suas declarações, este assunto será objeto de mais comentários numa fase posterior. É importante levantar a questão, uma vez que Krengel e a organização em nome da qual representou estas opiniões estão desfasadas das opiniões da maioria dos sul-africanos e de pessoas de todo o mundo. Isto inclui dezenas de judeus na África do Sul e em todo o mundo que denunciaram as acções do Hamas e do governo de Israel. Milhões de pessoas, muitas delas sob as bandeiras da Jewish Voice for Peace, marcharam em Nova Iorque, Londres, Turquia e outras cidades nos últimos dias. Todas elas apelaram a um cessar-fogo imediato em Gaza e pediram investigações sobre as violações de crimes internacionais.
Um desses crimes, o crime de genocídio, está, infelizmente, a pairar no ar. O presidente do Brasil Lula da Silva classificou os ataques a Gaza como um genocídio. Também a ministra Pandor recordou à comunidade internacional que não deve ficar passiva enquanto se desenrola outro genocídio. No debate do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Nova Iorque, na semana passada, afirmou o seguinte: "Todos nos recordamos que, em 1994, ocorreu um genocídio no continente africano, tendo grande parte do mundo assistido ao massacre de pessoas inocentes. A história não pode continuar a repetir tal crueldade, devemos estabelecer um sistema de governação global que seja justo, equitativo e que tenha a capacidade de responder às necessidades de todas as pessoas em situações de ameaça e de dano - um sistema que não seja apenas um instrumento para os países mais poderosos do mundo, mas que proporcione proteção aos mais vulneráveis".
A África do Sul faz eco da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que apelou a um cessar-fogo imediato e à abertura imediata de um corredor humanitário para fornecer alimentos, material médico e combustível. A África do Sul apela igualmente às Nações Unidas para que enviem uma força de proteção rápida para proteger a população civil de novos bombardeamentos.
Todos os países genuinamente empenhados num sistema baseado em regras e sustentado pelo direito internacional devem agir imediatamente.
EMITIDO PELO DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E COOPERAÇÃO
Original em: https://www.dirco.gov.za/south-africa-calls-for-the-international-community-to-hold-israel-accountable-for-breaches-of-international-law/
Estamos a assistir a um genocídio. Durante esta semana, o regime sionista deu mais um passo em frente no seu plano de completa destruição de Gaza. O povo palestiniano vem-no dizendo há muitas décadas, e revisitando a definição de genocídio que o artigo 6º do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacionaloferece, é impossível negá-lo. Raz Segal, historiador israelita e professor de estudos do holocausto e genocídio na Universidade de Estocolmo, afirma que“o ataque a Gaza pode ser entendido [...] como um caso clássico de genocídio a desenrolar-se à frente dos nossos olhos.”
Desde o passado sábado, o governo israelita tem prometido dizimartoda uma região com mais de 2 milhões de pessoas, onde metade são crianças, como punição coletiva em resposta às ações do Hamas (o que, também diz o direito internacional, é um crime de guerra). Na segunda-feira, 9 de outubro, o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, anunciou que o seu governo iria impor um cerco totalem Gaza – “sem eletricidade, sem comida, sem água, sem gás. Tudo fechado.” Já as bombas continuam a cair. Na passada quinta-feira, o governo sionista afirmou que, em seis dias, largou cerca de 6.000 bombasem Gaza. Para comparação, o número de bombas máximo lançadas num ano na guerra do Afeganistão foi um pouco acima de 7.423; durante toda a guerra na Líbia, a NATO confirmou ter mandado cerca de 7.600.
É difícil estimar com certeza números de mortes durante uma carnificina como a que se assiste mas, até à tarde de 15 de outubro, o Ministério da Saúde Palestiniano confirma o assassinato de mais de 2600 pessoasna Faixa de Gaza. Segundo a organização de direitos de crianças palestiniana Defence for Children International, mais de 700 são crianças. Cerca de um milhão de pessoaspalestinianasperderam ou tiveram de abandonar as suas casas. Mais de 12 jornalistas foram assassinados em Gazadurante esta semana. A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou também que 14 dos seus trabalhadoresforam mortos, e cinco da Cruz Vermelha.
O exército sionista bombardeou a Universidade Islâmica de Gaza, mesquitas, hospitais, escolas – incluindo das Nações Unidas – campos de refugiados, a passagem de Rafah, onde centenas de pessoas palestinianas tentavam atravessar a fronteira com o Egipto — e impedindo a entrada de ajuda humanitária –, redações de órgãos de comunicação social, e inteiros quarteirões de prédios residenciais e pequenos negócios. A Human Rights Watch confirma o uso de fósforo brancopor parte do exército, proibido em áreas de grande densidade populacional.
Na quarta-feira, dia 11, a única central elétrica de toda a Faixa de Gaza ficou sem energia. Desde então, profissionais de saúde dependem de geradores para prestar cuidados, incluindo cuidados intensivos e salas de operações.
Ontem, o Estado israelita avisou a ONU que teriam 24 horas para evacuar mais de um milhão de pessoas que vivem no Norte de Gaza. A ONU considerou o ultimato “impossível”de executar, a Organização Mundial de Saúde alerta que é uma “sentença de morte” para todos os pacientes vulneráveis em hospitais. Várias famílias abrem caminho entre destroços e estradas cortadas para se refugiarem no sul, sem fazerem ideia se será seguro ou não(há, neste momento, váriosrelatosde ataques israelitas contra quem procura fazer esse percurso). Outras organizações, como a Crescente Vermelha, decidem ficar: "Apesar das ameaças da ocupação de bombardear, a decisão foi tomada. Não partimos e não partiremos. Os nossos profissionais de saúde continuarão a desempenhar suas tarefas humanitárias. Não deixaremos as pessoas enfrentarem a morte sozinhas." Também a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) recusa-se a evacuaras escolas onde milhares de pessoas se encontram refugiadas. Algumas pessoas procuraram refúgio fora das suas casas, numa repetição da Nakba, mas estima-se que a maioria das habitantes do Norte de Gaza também tenha decidido ficar.
E, enquanto tudo isto acontece, Estados e instituições europeias e portuguesas solidarizaram-se exclusivamente com um Estado colonial que pratica uma limpeza étnicaa todo um povo, enquanto avança um regime de Apartheid na Palestina denunciado pelo povo palestiniano há décadas e reconhecido por organizações internacionais como a Human Rights Watche a Amnistia Internacional . O primeiro-ministro, António Costa, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foram rápidas a oferecer a sua solidariedade e apoio às vítimas Israelitas, afirmando que “a Europa está ao lado de Israel e do seu povo.” A Câmara Municipal de Lisboa hasteou uma bandeira israelita; a Câmara Municipal do Porto iluminou-se com as cores da sua bandeira; o Parlamento português, assim como o Parlamento europeu, também. Estas ações equivalem a uma carta branca para Israel executar a carnificina anunciada.
Apelamos a uma urgente pressão política que impeça o Estado israelita de continuar a cometer genocídio contra a população de Gaza: exigimos imediatamente um cessar dos ataques do Estado israelita, a entrada de ajuda humanitária em Gaza, proteção da ONU para os palestinianos em Gaza e um embargo de armas ao regime sionista. A nossa posição é clara: este genocídio, a decorrer com a conivência e apoio financeiro da Europa, não é feito em nosso nome.
Assinam este texto:
A Coletiva
Alvorada | Nova Medical School
Associação de Combate à Precariedade - Precários Inflexíveis
Alkantara Associação Cultural
Associação Habita
As Feministas.pt
Bloque Nacionalista Galego - Assembleia de Portugal
Casa é Um Direito
CIDAC
Chão das Lutas
Coletivo Andorinha - Frente Democrática Brasileira em Lisboa
Colectivo de Solidariedade Mumia Abu-Jamal
Colectivo Humans Before Borders
Coletivo pela Libertação da Palestina
Colombina Clandestina
Comité de Solidariedade com a Palestina
Consciência Negra
Cooperativa Mula
Disgraça
Espaço Alkantara
Fado Bicha
Jornal MAPA
KILOMBO – Plataforma de Intervenção Anti-Racista
Manas
MAR - Movimento Anti-Racista
Mbongi67
Mulheres Negras Escurecidas (MNE)
Nossa Fonte - Associação de Intervenção e Difusão Cultural
Palestina em Portugal
Plataforma de solidariedade com os Povos do Curdistão