A Palestina apela à proibição de Israel no Festival da Canção
A Campanha Palestiniana para o Boicote Académico e Cultural de Israel (PACBI) e o Sindicato dos Jornalistas Palestinianos apelam à European Broadcasting Union (EBU) para que proíba a participação de Israel no Festival Eurovisão da Canção - o maior evento de música ao vivo do mundo - sob pena de um boicote generalizado.
Israel, considerado um Estado de apartheid pelas principais organizações de direitos humanos a nível mundial, é acusado pela África do Sul, apoiada por dezenas de Estados, de genocídio contra os palestinianos em Gaza no Tribunal Internacional de Justiça.
Um alto funcionário da ONU responsável pelos direitos humanos e um proeminente académico israelita que estuda o Holocausto e o genocídio descreveram a guerra de Israel contra os 2,3 milhões de palestinianos da Faixa de Gaza ocupada e sitiada como "um caso exemplar de genocídio". Dezenas de peritos das Nações Unidas e centenas de académicos de direito internacional alertaram também para "um genocídio em curso".
Muito antes do genocídio israelita em curso, a PACBI, membro fundador do Comité Nacional Palestiniano de BDS (BNC), a maior coligação da sociedade palestiniana que lidera o movimento global BDS, apelou à suspensão da participação de Israel na Eurovisão.
Dizia ela que “ao sancionar a Rússia pela invasão da Ucrânia, que tinha ocorrido apenas uns dias antes, e ao proteger o apartheid israelita da responsabilização, apesar do seu regime de décadas de opressão contra os palestinianos, os organizadores da Eurovisão e a EBU demonstram um desrespeito absolutamente hipócrita, racista e colonial pela vida palestiniana".
Se a EBU não conseguir banir o apartheid israelita da Eurovisão, os palestinianos e os milhões de pessoas que apoiam a nossa luta de libertação farão campanha para boicotar o festival.
A responsabilização de Israel pelo genocídio e pelo apartheid é mais urgente do que nunca. Dar cobertura cultural ao massacre em massa, por parte de Israel, de dezenas de milhares de palestinianos, quase metade dos quais são crianças, equivaleria a permitir e encobrir crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Seria uma ironia da história, especialmente tendo em conta o passado negro da Europa, com séculos de colonialismo brutal, escravatura e múltiplos genocídios.
De acordo com os meios de comunicação social israelitas, "a conta oficial de Instagram do concurso pré-Eurovisão da Finlândia deu a entender que o país poderá não participar no concurso em maio, na Suécia, devido à 'situação no Médio Oriente'", o que está a ser interpretado como uma alusão a um possível "boicote devido à participação de Israel". As televisões islandesas e eslovenas também manifestaram a sua preocupação com a participação de Israel.
Aplaudimos a Associação Islandesa de Compositores e Letristas, mais de 1.400 artistas finlandeses, clubes oficiais de fãs, vários finalistas e concorrentes da Eurovisão, actuais e anteriores, e o Partido de Esquerda sueco, que já apelaram a que o apartheid israelita fosse banido do concurso, tal como aconteceu com a Rússia. Fazemos eco dos seus apelos.
A emissora estatal israelita Kan publicou recentemente um vídeo arrepiante e genocida de crianças israelitas a cantar: "Vamos aniquilá-los todos [palestinianos de Gaza]". Só este facto já deveria ter justificado a expulsão de Kan da Eurovisão.
Embriagados pela impunidade, responsáveis israelitas chegaram a tentar intimidar publicamente a BBC para que rejeitasse o concorrente do Reino Unido, que já tinha assinado uma carta aberta criticando o genocídio de Israel em Gaza e o cínico pinkwashing do seu regime de apartheid.
A carta que o concorrente do Reino Unido tinha assinado dizia: "nós, enquanto pessoas LGBTQIA+, não podemos deixar que outros usem as nossas lutas pela liberdade com base na sexualidade e na identidade de género como armas para justificar a ocupação sistémica e o genocídio de um povo".
A campanha BDS que durou um ano de boicote contra o facto de Israel acolher a Eurovisão de 2019 em Telavive, capital do apartheid, negou a Israel a sua propaganda de branqueamento. Mais de 100 organizações LGBTQ+, centenas de artistas de renome e milhões de pessoas em toda a Europa apoiaram o boicote.
A cobertura dos principais meios de comunicação social mainstream deu então destaque ao BDS, rotulando o festival de "a Eurovisão mais política" de sempre. Apenas uma parte dos visitantes esperados compareceu. A palavra mais tweetada juntamente com a hashtag oficial da Eurovisão, para além de "Israel", foi "apartheid".
O PACBI apela a todas as pessoas que rejeitam o genocídio e o apartheid a unirem-se e pressionarem a EBU para que Israel seja banido da Eurovisão, e a boicotar o concurso caso isso não aconteça.