Israel proibe aos não-judeus criar frangos e cultivar batatas
Quem falou de racismo e de apartheid em relação a este pequeno Estado moderno, civilizado, democrático, ao qual os nossos dirigentes não podem recusar nada ? A medida que acaba de ser tomada pelo ministério israelita da Agricultura diz respeito aos citadãos de Israel e proibe aos que não são judeus criar frangos, produzir ovos e cultivar batatas!
“Esta actividade é um direito exclusivo dos judeus das aldeias cooperativas (moshav)”, acabam de decretar as autoridades israelitas.
Os ovos produzidos pelas estruturas palestinianas (“palestinianos de 1948”, aqueles que têm a cidadania israelita) desapareceram do mercado em poucos dias e foram substituídos por ovos israelitas produzidos em cooperativas judaicas construídas sobre as ruinas das aldeias palestinianas destruídas durante a Nakba.
As autoridades de Telavive publicaram igualmente um decreto proibindo aos “árabes” de cultivar batatas, cedendo às pressões dos produtores israelitas. As autoridades tinham descoberto que a produção de batatas é barata e uma fonte importante de rendimentos para os palestinianos, sublinha Zouheir Andraos no site em inglês de Al-Akhbar.
Nesse mesmo artigo, publicado e traduzido pelo site de ISM France, ele relata que o “ministério israelita do Ambiente também proibiu recentemente aos palestinianos de Israel colher plantas correntemente utilizadas na alimentação dos palestinianos (como o tomilho e a malva), que não são nem conhecidas nem consumidas pelos judeus”. Isso levou o governo israelita a dar instruções às suas pretensas autoridades da Protecção do Ambiente para reprimir “os ladrões de plantas”. O governo anunciou oficialmente que essas plantas eram “espécies protegidas e que os que as colherem serão levados à justiça”.
As autoridades da Protecção do Ambiente começaram a aplicar multas aos palestinianos que colhiam “plantas protegidas”. Entretanto, comerciantes judeus que acabavam de descobrir a importância dessas plantas para os palestinianos, pediram as autorizações necessárias ao ministério da Agricultura para as cultivar e vender nos mercados árabes. Os palestinianos do interior tornaram-se o alvo de um comércio israelita lucrativo e popular.
No mesmo contexto, as autoridades da ocupação encontraram um outro canal para aumentar o domínio económico sobre os palestinianos: a empresa de cigarros Dubek (a única cigarreira israelita) anunciou que ia deixar de comprar tabaco aos agricultores árabes. O tabaco é uma das principais culturas de comercialização para os palestinianos, em particular na Galileia, dentro da chamada linha verde. Israel terá assim destruído uma das culturas árabes mais importantes na Palestina, e já começou a importar o tabaco do seu aliado turco.
Persistindo na sua guerra económica e em colaboração com a Jordânia, Israel fechou recentemente as pequenas oficinas de costura e tricôt na Galileia, no Triângulo e no Negev, a principal fonte de rendimentos para numerosas famílias palestinianas. As autoridades de ocupação têm a intenção de as deslocar para a Jordânia, com o pretexto de que lá a mão-de-obra é barata. Os boatos dizem, no entanto, que o projecto tem por objectivo apoiar a frágil economia jordana, além da determinação dos ocupantes em cortar as fontes de rendimentos dos palestinianos [refugiados] de 1948.
A política de domínio económico adoptada por Israel levou ao desemprego de um terço da mão-de-obra no Negev e em Umm al-Fahm. Ela fez aumentar o fosso entre o desemprego palestiniano e israelita, com uma taxa de desemprego de 25% para os palestinianos e de 6,5% para os israelitas. As mesmas estatísticas indicam que a metade das crianças palestinianas nos territórios de 1948 vivem actualmente abaixo do limiar da pobreza”.
Tradução da versão francesa em: CAPJPO-EuroPalestine, 12.12.2014
Fonte: Al Akhbar.